Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.Novas tentativas de controle moral da educação: conflitos sobre gênero e sexualidade no currículo e na formação docente New attempts of moral control in Education: Conflicts on gender and sexuality in curriculum and teacher education Resumo: A sociedade brasileira tem vivenciado um intenso embate hegemônico sobre as concepções de gênero e sexualidade articuladas nas políticas públicas de currículo e formação docente. Grupos políticos e religiosos conservadores têm desenvolvido um ataque agressivo ao que denominam "ideologia de gênero" na educação. A partir de uma análise dos processos de formação dos discursos pela igualdade de gênero e diversidade sexual nas políticas educacionais brasileiras ao longo das últimas décadas e da emergência de discursos reativos (neo)conservadores no contexto atual, o texto busca discutir as condições de (im) possibilidade desse confronto hegemônico. A análise é desenvolvida em diálogo com os debates pós-estruturalistas no campo da educação e, em especial, com a Teoria Política do Discurso de Laclau e Mouffe. O trabalho aponta que ambos os polos discursivos engajados no conflito atual são construções históricas contingentes e que o debate no campo da educação tem sido predominantemente realizado a partir do parâmetro comum das políticas de acomodação e gestão estratégicas das diferenças.Palavras-chave: currículo, formação docente, gênero.Abstract: Brazilian society has been experiencing an intense hegemonic clash over the conceptions of gender and sexuality articulated in the public policies of curriculum and teacher training. Conservative political and religious groups have settled an aggressive attack on what they call "gender ideology" in education. Analyzing the constitution of discourses promoting gender equality and sexual diversity in Brazilian educational policies over the last decades and the emergence of reactive (neo)conservative discourses in the current scenario, the text seeks to discuss the conditions of (im)possibility of this hegemonic confrontation. The analysis is developed in dialogue with post-structuralist education theories, and especially with Laclau and Mouffe's Political Theory of Discourse. The paper points out that both the discursive poles engaged in the current conflict are contingent historical constructs, and that the debate in the field of education has been predominantly carried out from the common parameter of the policies of accommodation and strategic management of differences.