A múltipla Pequena África no Rio de Janeiro: perspectivas reflexas de negros e judeus

Abstract

Neste artigo, pretendemos pensar as dinâmicas de produção de narrativas e experiências contemporâneas acerca do território imaginário que veio a ser conhecido como a Pequena África, no Rio de Janeiro, tentando compreender como elas entrelaçam pessoas e lugares, muitas vezes de forma tensa e disputada. Partimos da perspectiva de Michel Agier, para quem a cidade é um significante vazio cujos múltiplos e possíveis sentidos são elaborados situacionalmente pelos atores sociais. Nesse sentido, entendemos que a Pequena África não possui uma definição rígida e pré-definida mas, ao contrário, é sempre aberta à pluralidade de significados e entendimentos atribuídos pelos diferentes indivíduos e grupos que dela se apropriam. Para tanto, iremos analisar algumas narrativas e práticas e seus principais protagonistas, a saber: as ações de Gracy Mary Moreira em torno das memórias de sua bisavó, Tia Ciata; a luta de lideranças negras da Comissão da Pequena África pela história de um cemitério de africanos escravizados; e as práticas de um grupo de músicos judeus denominado Rancho Praça Onze Klezmer Carioca, que procura recriar a memória da vida judaica na região.

Other museums: The disruptive potency of curatorship for the emergence of other modes of power, knowing, and being

“…This territory was deeply impacted by the Porto Maravilha project, which neglected its history, memory, and social and cultural life, and caused the removal of countless families who lived there, especially in Morro da Providência 2 . In the midst of this process, Pequena África was reappropriated by several social actors who affirmed their belonging to this territory and imprinted different meanings on it (Bitter & Vassallo, 2019). In this way, the very project that made the creation of MAR also establishes it as a contact zone (Clifford, 1997), making it responsible for representing the material and immaterial dimensions of this territory, but above all, for acting in favor of its communities.…”