Não é coincidência o fato de que governos de extrema direita tenham promovido políticas negacionistas durante a pandemia da covid-19 e que esses mesmos governos tenham desqualificado a luta pela igualdade de gênero em seus países, pois o campo da saúde pública é pioneiro na discussão de direitos reprodutivos e emancipação sexual feminina. O artigo analisa o caso brasileiro, explorandoas possíveis relações entre as agendas de política exterior, saúde e gênero, contrapondo os governos de centro-esquerda de Lula e Dilma, por um lado, e de extrema-direita de Bolsonaro, por outro lado. Analisa ainda o desdobramento dessa agenda no âmbito da política exterior que, durante a pandemia, resultou no desmantelamento de arranjos regionais de saúde pública em prol de uma aliança global conservadora pró-cloroquina.