A problemática do alcoolismo é evidenciada aos efeitos desta droga que, além de causar complicações sociais, podem gerar consequências orgânicas, mentais e espirituais. Os problemas advindos do uso abusivo de álcool podem produzir vários efeitos facilmente observáveis no cotidiano das pessoas. Na tentativa de compreender o ser alcoolista, buscamos respaldo teórico na Análise Existencial, por estar atrelada aos preceitos compreensivos fenomenológicos e ter a preocupação com os significados do ser. Esta pesquisa objetivou compreender o ser alcoolista à luz da análise existencial. Buscamos, como estratégia desta pesquisa, a abordagem compreensiva, tendo como proposta teórico-metodológica a Fenomenologia. A Fenomenologia busca descrever e compreender o fenômeno e não procura explicá-lo ou comprová-lo. O local de realização foi um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPSad), localizado no município de Fortaleza (CE). Participaram do estudo oito sujeitos que seguiram os seguintes critérios de inclusão: diagnosticado como dependente de álcool, através do CID-10; ter idade igual ou maior que 18 anos; estar integrado às atividades propostas pelo CAPSad; apresentar condições físicas e emocionais; estar inserido nas atividades semi-intensivas. O critério de exclusão foi não atender aos critérios de inclusão. O total de sujeitos foi definido de acordo com a saturação dos dados. A produção do material empírico foi realizada através de uma entrevista, utilizando-se um roteiro contendo perguntas relativas aos aspectos pessoais e sociodemográficos e perguntas formuladas através da questão norteadora “O que é para você ser alcoolista”. Fizemos uso da entrevista não-diretiva, que pretendeu colher dados no discurso livre sobre o tema. A análise compreensiva fenomenológica propiciou criar inúmeras possibilidades, para que pudéssemos compreender o fenômeno em estudo. O estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal do Ceará. Com base na leitura e apreensão das oito entrevistas foram construídas quatro categorias temáticas e dezesseis subcategorias. A primeira categoria descreve o início do uso de álcool. A maioria dos relatos apontou o uso precoce, ainda no período da adolescência e na fase de adulto jovem, com referência à influência de familiares, amigos, pela curiosidade e pelos meios de comunicação. A segunda categoria está associada ao uso abusivo de álcool. Nos discursos, aparece a associação do uso de álcool a eventos sociais, dando uma conotação recreativa e socialmente aceita dessa droga. O uso abusivo de álcool é demonstrado através do aumento gradativo do grau de dependência. A terceira categoria foi sobre as consequências ocasionadas pelo uso abusivo de álcool, onde os sujeitos descreveram diversas situações associadas ao uso de álcool. A consciência dos malefícios provocados pelo uso abusivo só foi despertada com o aparecimento de diversos transtornos físicos, emocionais e financeiros. A quarta e última categoria foi o apoio buscado pelos sujeitos, destacando-se algumas estratégias favoráveis utilizadas, entre elas: a relevância das abordagens grupais; a qualificação dos profissionais do CAPS; o uso de psicofármacos; o apoio família; a espiritualidade e religiosidade. Em relação ao significado do ser alcoolista o referencial frankliano nos forneceu a compreensão do ser alcoolista, de seu sentido próprio na construtividade do homem, que nos direcionou para a assistência de enfermagem como a compreensão dos aspectos vivenciais.
Palavras-chave: Alcoolismo. Políticas Públicas. Análise Existencial. Enfermagem. Saúde Mental.