A imprensa médica na Corte imperial: a loucura e as doenças nervosas nas páginas dos periódicos especializados (1850-1880)

Abstract

Partindo de um extenso levantamento das matérias publicadas nos periódicos médicos a respeito da loucura e das doenças nervosas, de 1850 a 1880 na Corte imperial, desenvolvemos neste artigo uma análise do papel exercido pela imprensa médica nos primórdios da psiquiatria no Brasil. Com base na perspectiva de que a imprensa livre exercera um papel ativo, de formadora de opiniões, analisamos a forma e a relevância com que tais assuntos estiveram presentes nos periódicos especializados, voltando-nos para a comprovação da hipótese de que, apesar dos entraves socioprofissionais inerentes à medicina mental naquele contexto, muitos esforços foram realizados pelos médicos clínicos no avanço dos conhecimentos sobre tal especialidade no Brasil. Sendo assim, pretendemos dar relevância à existência de uma intensa circulação de ideias científicas no Rio de Janeiro, que nos desvenda uma ambiente de trocas científicas, no qual o papel ocupado pelos médicos brasileiros não é de passividade face à medicina europeia, mas de busca de legitimação profissional.

O mentecapto de Itaguaí, história, loucura e saber psiquiátrico: diálogos historiográficos em torno de “O alienista” de Machado de Assis

“…Com efeito, em relação ao surgimento do hospício, vários outros interesses (e atores) estariam envolvidos, tais como os relacionados ao ideal caritativo da Santa Casa da Misericórdia; as estratégias simbólicas ditadas pelo funcionamento de uma rede de relações e interesses (parentesco, amizade, lógica de favores) entre médicos, autoridades e figuras respeitáveis do Império; e as próprias demandas por tratamento de parte dos familiares dos potencias internos (Ribeiro, 2012;Edler, 1998;Gonçalves, Edler, 2009;Gonçalves, 2010Gonçalves, , 2013aGonçalves, , 2013b.…”

Sinergias e singularidades na atuação do enfermeiro no contexto da reforma psiquiátrica: uma revisão de literatura

“…Em países do continente europeu, como Inglaterra, França e Alemanha, desde o final do séc. XIX, as primeiras teorias médicas relativas aos distúrbios de comportamento começavam a emergir, ainda que de forma genérica (GONÇALVES, 2013).…”

Combining psychiatry and spiritism: Therapies employed in a Brazilian sanatorium (1934–1948).

“…Other historians have focused on the therapeutic activities developed by Brazilian Spiritist groups, especially those that presented themselves as healers competing with academic medicine, instead of investigating the position of local medical associations during the first half of the 20th century (Almeida, 2007; Scoton, 2007). Thus, it is possible to understand how, with the support of the Spiritist groups, those institutions developed therapies based on the belief that spiritual entities had the capacity to intervene in the natural course of a disease (Giumbelli, 1997b) while Brazilian psychiatric assistance was becoming a central issue to the State (Gonçalves, 2011; Meyer, 2017). Among the Spiritist practices, spiritual disobsession, which sought to treat individuals affected by bouts of madness through the spiritual indoctrination of obsessor spirits, were those that competed most with local psychiatry (Amaro, 2010).…”