Resumo: O presente artigo objetiva traçar um paralelo entre duas áreas da linguagem que, aparentemente, não apresentam muitos pontos em comum: a pesquisa em contextos pedagógicos e os estudos da tradução. Para atingir tal objetivo, levanto questões contidas em obras, por exemplo, de Britto, para discutir os estudos da tradução, e de Gieve e Miller, para discutir a pesquisa em contextos pedagógicos. Ao mostrar a possibilidade desse diálogo entre áreas tão diferentes, este artigo incentiva a aproximação e o enriquecimento de pesquisas diversas nos estudos da linguagem.
Palavras-chave:Contexto pedagógico. Tradução. Sala de aula.Em relação à pesquisa social, Guba e Lincoln (2006) não acreditam que [...] os critérios para julgar a "realidade" ou a validade sejam absolutistas (BRADLEY; SCHAEFER, 1998), mas que sejam, sim, provenientes de um consenso da comunidade no que diz respeito ao que é "real", ao que é útil e ao que tem sentido (especialmente sentido em relação à ação e a outras etapas adicionais). Acreditamos que uma porção considerável dos fenômenos sociais consiste em atividades que visem à elaboração de significados realizados por grupos e indivíduos em torno desses fenômenos (GUBA; LINCOLN, 2006, p. 172).Podemos dizer que, nessa citação, o antiessencialismo está presente, pois não se assume que os fenômenos sociais tenham um significado essencial, intrínseco, e sim que tal significado seja fruto de um consenso de uma certa comunidade, negociado por seus membros. Nos estudos da tradução, há uma visão similar sobre o suposto sentido estável de um texto. Quanto a isso, Britto (2012) argumenta que [...] o significado não é uma propriedade estável do texto, uma essência que possa ser destacada do texto e isolada de maneira definitiva; minha visão do sentido é [...] antiessencialista. Seguindo a visão de Wittgenstein, porém, eu diria que a tradução de textos segure determinadas regras que constituem o que podemos denominar de "jogos da tradução". Eis algumas regras deste jogo: o tradutor deve pressupor que o texto tem um sentido específico -na 1 Juliana Cunha Menezes é doutoranda em Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e é mestre em Estudos da Linguagem pela mesma universidade. É bolsista CAPES e autora do artigo Pontos comuns entre pesquisa qualitativa e tradução poética, publicado em 2013 pela Revista