A herança transgeracional nos transtornos alimentares: algumas reflexões

Abstract

A alimentação é um objeto de estudo de extrema complexidade que envolve várias áreas do saber científico. O objetivo deste estudo foi compreender o significado e as experiências emocionais da alimentação para as mães com filhas portadoras de transtornos alimentares. Ele baseou-se na pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória com a participação de cinco mães de jovens com transtornos alimentares que frequentaram o grupo de apoio psicológico aos familiares do Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (GRATA-HCFMRP-USP) em 2008. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um roteiro semiestruturado, sendo as entrevistas audiogravadas e transcritas na íntegra. Com a análise dos resultados, pode-se pensar que as dificuldades das mães referentes à alimentação e aos vínculos construídos a partir da relação com suas próprias mães tenderam a se repetir com as filhas, sugerindo a existência de uma herança que as antecede e atravessou gerações.

As famílias podem (se) adoecer: revisão integrativa da literatura científica

“…Para ambas as temáticas, ressalta-se a ideia de que as experiências vivenciadas na família de origem podem influenciar o comportamento alimentar desordenado dos filhos adultos (para a falta ou para o excesso) a partir da aprendizagem de padrões distorcidos sobre imagem corporal e da construção de expectativas que desorganizam a alimentação (Annus et al, 2007). O alimento muitas vezes pode assumir uma função afetiva que contribui para a construção dos vínculos das pessoas com seus familiares, com destaque às relações mãe-filha (Adami-Lauand & Ribeiro, 2011).…”

“…;Neppl, Lohman, Senia, Kavanaugh, & Cui, >2017;Rosa & Falcke, 2014;Santos & Moré, 2011;Vézina et al, 2015; Vung e Krantz, 2009), incesto na dinâmica familiar(Abdala, Neves, & Paravidini, 2013;Abdala et al, 2017), tabagismo(Brook, Rubenstone, Zhang, Finch, & Brook, 2013;Melchior, Chastang, Mackinnon, Galéra, & Fombonne, 2010;Weden & Miles, 2012), dependência química(Botti, Machado, Tameirão, Costa, & Benjamin, 2014), transtornos alimentares(Adami- Lauand & Ribeiro, 2011;Annus, Smith, Fischer, Hendricks, & Williams, 2007;Arroyo et al, 2017;Valdanha, Scorsolini-Comin, & Santos, 2013;Valdanha-Ornelas & Santos, 2016;, obesidade(Almeida & Netto Júnior, 2015;Tassara, Norton, & Marques, 2010), ansiedade(Eley et al, 2015) e transtorno de estresse pós-traumático (Zerach, Levin, Aloni, & Solomon, 2017).…”

Atitudes Alimentares E Imagem Corporal Das Mães De Pacientes Com Transtornos Alimentares

“…Cuidadores que assumem o controle da alimentação e não reconhecem os sinais emitidos pela criança, pode fazer com que ela perca a sensibilidade à saciedade e a fome, contribuindo assim, para um ganho de peso elevado ou déficit nutricional. 8,20 Pessoas com TA possuem relações características com suas mães. Estudo sobre a relação mãe e filha desde a gestação até os dois anos de idade mostrou que a alimentação é um forte elo entre as duas.…”

“…São elementos transmitidos através dos sujeitos e não entre eles, perpetuando segredos e lutos que dificultam a transformação e a simbolização. 8 Outros estudos apontam para a transmissão psíquica que é realizada entre as gerações, sendo os TA exemplos desta transmissão. Pereira, Lock & Oggins 9 dizem que é fundamental que a família também se desempenhe na formação de uma aliança com o tratamento de suas filhas com AN, uma vez que isso pode contribuir para o desfecho favorável do tratamento.…”