Entre o final do século XIX e começo do XX a professora baiana Amelia Rodrigues, tornou-se muito conhecida como escritora de romances, livros infantis, peças teatrais, poesias, ensaios, conferências e artigos para a imprensa. Este artigo propõe uma reflexão a respeito de um de seus livros mais conhecidos, Mestra e Mãe, publicado em 1898. Neste livro Amelia Rodrigues não só defende as capacidades femininas pela educação e a religião, mas recria um mundo sertanejo assentado na ordem, na unidade e na religião católica. Crítica à modernidade e à desordem das cidades, Amelia Rodrigues arquiteta uma utopia sertaneja para defender o catolicismo, os valores morais, a hierarquia, a ação social e o exemplo moral das mulheres cristãs. O artigo pretende problematizar o conceito de utopia conservadora, nos marcos do ativismo feminino católico, bem como a noção de espaço moral, representado, no livro, pelo sertão.