\'A filha da Dona Lecy\': estudo da trajetória de Leci Brandão

Abstract

Esta pesquisa debruça-se sobre a trajetória de Leci Brandão, mulher, negra, de origem humilde, politicamente de esquerda. Ela percorreu um caminho bastante peculiar se comparada aos seus pares. Leci foi a primeira mulher a entrar na Ala de compositores da Mangueira, rompeu contrato com uma gravadora multinacional por ter tido suas músicas lidas como críticas demais, e, posteriormente, se tornou a segunda mulher negra a ser deputada estadual de São Paulo, hoje no segundo mandato. Sua trajetória foi construída, nesta pesquisa, sob a perspectiva dos marcadores sociais da diferença, como raça, gênero, classe social e geração. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas que ocorreram no decorrer de três anos e a análise de letras de suas composições, falas políticas e material produzido por seu mandato. Pensando-a em comparação com outras pessoas negras que ascenderam socialmente, percebi que Leci não abriu mão de sua origem social, movendo-se de forma contínua do local de origem para locais mais centrais na sociedade, que são ocupados majoritariamente por pessoas de classes sociais diferentes da sua. Foi habitando, portanto, uma espécie de fronteira que Leci estabeleceu-se como uma exceção ou uma figura ímpar.

Ubuntu e Quilombismo na práxis de Leci Brandão

“…Na ocasião, seu trabalho ficou em primeiro lugar, porém ela não recebeu a premiação porque as professoras da escola se recusaram a dar o prêmio à filha negra da servente. (KALIANNY, 2016).…”

Leci e Januário: escrevivências negras contemporâneas na música e fotografia

“…Com a mudança para Vila Isabel, Lecizinha passa a estudar na mesma escola onde sua mãe trabalhava como servente (cf. SOUSA, 2016). Januário Garcia Filho, ou simplesmente Januário Garcia, nasceu na cidade de Belo Horizonte (MG), em 1943, no auge da Segunda Guerra Mundial.…”

Na Roda das Donas do Samba: Um estudo sobre histórias, memórias e saberes das Tias do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela

“…A autora conclui que suas participações no contexto das diferentes agremiações foram fundamentais no processo histórico de constituição e consolidação dessas escolas de samba no carnaval de São Paulo. 43 Dentre os trabalhos biográficos, destaco os que se debruçam sobre a vida e o legado de personalidades como: Clementina de Jesus, por Adriana Magalhães Bevilaqua et al (1988) e Janaína Marquesini et al (2017); Dona Ivone Lara, por Mila Burns (2009) e Katia Santos (2010); Dona Zica, por Odacy de Brito Silva (2001) e Nilcemar Nogueira ( 2004); e Leci Brandão, por Fernanda Kalianny Martins Sousa (2022).…”