Esse artigo objetiva analisar, por meio de um diálogo crítico entre conceitos elaborados por Theodor W. Adorno e Michel Foucault, de que maneira os corpos das mulheres são capturados pelo capitalismo contemporâneo. Etiquetadas como “Bruxas” nas redes sociais, a publicidade e as propagandas gerenciadas pelos algoritmos mobilizam mecanismos de incitação à violência contra as mulheres, contra formas de existência e de manifestação de sua sexualidade. De modo idêntico perguntamos: quem são as bruxas e como é o modo como são tratados esses corpos na contemporaneidade? Os conceitos formulados por Adorno – “mentalidade do ticket”, “indústria cultural” e “semiformação” –, fornecem suporte para uma análise crítica que se alia à analítica que Foucault desenvolve para investigar o poder, o qual passa necessariamente pelo corpo, e trata do dispositivo disciplinar e do biopolítico, sobretudo nas formas de produção da sexualidade. Apresenta a educação social no sentido defendido por Adorno que tem como premissa para qualquer projeto educacional a pretensão emancipatória de que não se repita o genocídio e os horrores perpetrados nos campos de concentração nazistas também presentes de modo semelhante - ainda que com suas singularidades históricas - no fenômeno de caça às bruxas na Idade Média. Para tanto, por meio de uma pesquisa crítico-filosófica de tipo bibliográfica com abordagem qualitativo-conceitual, valemo-nos de um ponto de encontro metodológico a partir de um dos elementos da dialética negativa definido por Adorno como “prioridade do objeto”, em intersecção com o posicionamento de Foucault pela criação de dispositivos de investigação que analisem o poder.