“…Nesta arena de difícil administração simbólica, casos como o tikuna explicitam as dificuldades de geração de unidades como "sociedade", "cultura" ou "música", diante de uma população de mais de cinquenta mil pessoas em três países, organizadas em dezenas de aldeias com múltiplos arranjos socioculturais, linguísticos e demográficos, em uma longa história de relação entre indígenas e nãoindígena nessa grande via que é o rio Amazonas-Alto Solimões. Sua literatura antropológica é extensa, desde os trabalhos de Curt Nimuendaju (1952) nas décadas de 1930-1940, passando pelos de Cardoso de Oliveira (1964;1972), chegando aos de João Pacheco de Oliveira (1988;2015), no Brasil, Hugo Camacho (1996), na Colômbia, e Jean Pierre Goulard (2009), na França, para citar apenas alguns autores. Do ponto de vista do estudo da música, ou do entre música-narrativa, temos o trabalho de Maria Emília Montes (1991), para a Colômbia, e Matarezio (2015), para o Brasil, 7 ambos dedicados ao que etnograficamente foi aqui tratado como repertório cultural, em especial no entorno ao processo ritual conhecido, no Brasil, como 'Festa da Moça Nova'.…”