A expressão conectiva na verdade: contribuições para uma abordagem polifônica dos conectores reformulativos

Abstract

A expressão conectiva na verdade: contribuições para uma abordagem polifônica dos conectores reformulativosThe expression connective na verdade: contributions to a polyphonic approach of reformulative connectors G u s t a v o X i m e n e s C u n h a J a n i c e H e l e n a C h a v e s M a r i n h o Palavras-chave:Na verdade. Discurso implicitado. Polifonia. Abstract:In this paper, we start from studies examining the role of the connective expression naverdade in order to show that this expression has an important performance in the way the speaker represents, in his speech, other speeches or other voices. Adopting the Geneva Model of discourse analysis as theoretical and methodological framework, we study the role of this expression in the polyphonic organization form of an opinion article and an election debate. As a result, this expression can function as a polyphonic implicit speech mark when the speaker retakes talks with origin in characters' voice and also as a diaphonic implicit speech mark when the speaker retakes talks with origin in the interlocutor's voice. As a polyphonic implicit speech mark, naverdade reinforces information given previously, in order to gain the reader's accession. But as a diaphonic implicit speech mark, the same expression works as a resource to attack, to reject or to impugn the interlocutor's speech.

Tipologia De Marcadores Ilocucionários E Seu Papel No Estudo Das Relações De Discurso

“…Em diferentes trabalhos, valemo-nos desse arcabouço teórico no estudo das relações interativas (CUNHA, 2015(CUNHA, , 2017a(CUNHA, , 2020(CUNHA, , 2021BRAGA, 2018; MARINHO; CUNHA, 2018) e de alguns de seus marcadores, como mas (CUNHA, 2017b), quando (CUNHA, 2014), com efeito e seja como for (MARINHO; CUNHA, 2012) e na verdade (CUNHA; MARINHO, 2017). Complementando esses trabalhos, nosso objetivo na presente contribuição é abordar as relações ilocucionárias e seu papel no 2 Também conhecida como Escola de Genebra e Modelo de Análise Modular do Discurso, essa abordagem, cujo objetivo inicial, nos anos 1980, era o estudo da articulação dos atos de fala na estrutura de discursos dialogais e monologais (ROULET et al, 1985;MOESCHLER, 1985), amplia-se a partir dos anos 1990 para dar conta da complexidade da organização de toda forma de discurso.…”

Definindo o comentário metadiscursivo em uma perspectiva interacionista da Análise do Discurso

“…O discurso formulado abarca as formas tradicionais do discurso direto, indireto e indireto livre. Já o discurso implicitado corresponde a um conector, geralmente em início de réplica, por meio do qual o locutor liga o constituinte textual que introduz a uma informação da memória discursiva com origem em discurso produzido pelo interlocutor (ROULET; FILLIETTAZ; GROBET, 2001, CUNHA;MARINHO, 2017 No trecho, o candidato articula o comentário com que introduz sua resposta (ato 1) à pergunta feita pela adversária. O comentário constitui um segmento de discurso representado, já que nele o candidato representa, retomando, a pergunta da adversária, para informar (aos espectadores/eleitores) que essa pergunta constitui uma injustiça contra um integrante da equipe do candidato.…”

Caracterização E Funcionamento Da Refutação Em Debate Eleitoral

“…com.br>. SULLET-NYLANDER;ROITMAN, 2009;SILVA, 2013;KERBRAT--ORECCHIONI, 2017), ii) ou se estudam propriedades (micro)linguísticas de exemplares do gênero, como os recursos sintáticos e lexicais utilizados pelos adversários políticos para, ao elaborarem atos de fala, tais como perguntas e críticas, construírem, geralmente de forma agressiva/impolida, imagens identitárias (BLAS-ARROYO, 2003;SOUZA;FERRARI, 2003;KERBRAT-OREC-CHIONI, 2010;FRACCHIOLLA, 2011;FRACCHIOLLA;ROMAIN, 2015;BATISTA;ANDRADE, 2017;MARQUEZ, 2017;CUNHA, 2015CUNHA, , 2017.…”

“…Neste trabalho, procuramos focalizar um aspecto que talvez tenha recebido menos atenção por parte dos estudiosos do gênero debate eleitoral, a saber, a maneira como se desenvolve o processo de negociação entre os adversários políticos, o que implica a descrição de como atos de fala determinados se inserem e se articulam aos demais na dinâmica da estruturação do sistema de turnos (HARRIS, 2001;KERBRAT-ORECCHIONI, 2010;MARINHO, 2017;BRAGA, 2018). Neste trabalho, o ato de fala focalizado é a refutação, por ser esse um ato que, tendo como característica essencial permitir a seu produtor mostrar-se em desacordo com o responsável por asserção previamente produzida (MOESCHLER, 1980(MOESCHLER, , 1982BRAN-DÃO, 1998), possui um valor ilocucionário que se identifica com a finalidade central do gênero debate eleitoral 1 .…”