Título: Extensão e transferência de conhecimento: as Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares Resumo: A ideia de transferência de conhecimento sempre esteve presente na relação entre universidade e sociedade. Ela está na origem do termo extensão e segue presente em toda a sua trajetória histórica. A partir dessa constatação, esta tese tem como objetivo central compreender as origens e as conseqüências da ideia de transferência de conhecimentos na atuação das ITCPs, compreendidas na trajetória histórica da extensão do país. Reconhecidamente, a primeira ITCP surge derivada da ideia das incubadoras de empresas, mas, em cada local, elas se conformam a partir da reorganização da extensão incentivada pelo processo de redemocratização que havia passado o país, da mobilização da universidade diante do desemprego e, por fim, do aumento do financiamento no governo Lula. Esses fatores levam parte da extensão a um novo caminho que tem como centro a geração de trabalho e renda e a utopia da autogestão. Com intuito de compreender a ideia de transferência de conhecimento, dois referenciais teóricometodológicos foram utilizados de maneira complementar: a Educação e os Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (ESCT). No campo da educação, foram abordadas as contribuições de educadores que partem de uma reflexão teórica sobre a relação entre universidade, trabalhadores e trabalhadoras combinada com a prática educativa no âmbito da extensão. Os autores são Paulo Freire, Michel Thiollent e Orlando Fals Borda. Buscou-se compreender, por meio deles, de que maneira a ideia de transferência de conhecimento se relaciona com um tipo específico de tutela, via conhecimento, entre educandos e educadores. A partir dos ESCT, campo acadêmico multidisciplinar que surge no contexto do pós-guerra, buscou-se compreender a relação entre conhecimento tecnocientífico e o setor produtivo, principalmente, a partir da negação do modelo ofertista de conhecimento. Tendo como fundamento a assertiva de que a ciência e a tecnologia são construções sociais, aprofundou-se a crítica à ideia de transferência de conhecimento por meio de três ideias-força: o conhecimento não é neutro, o conhecimento não gera apenas benefícios para a sociedade e o conhecimento não se transfere. Por fim, com intuito de contribuir com o processo de reflexão-ação das incubadoras, apontamos algumas reflexões e sugestões para tornar viável o potencial das mesmas como aglutinadoras do processo de politização da universidade. Nesse sentido, apontamos alguns caminhos do que acreditamos ser fazer ciência (e tecnologia) politizada, como almejava Oscar Varsavsky, ou Adequação Sociotécnica com o povo, como preconiza Renato Dagnino. Nessa perspectiva, consideramos que as ITCPs como potenciais articuladoras de ações de ensino, pesquisa e extensão com vistas a produzir conhecimento e formar pessoas a partir de uma lógica para além do capital.