A contribuição da Escola de Educação Física do Exército para o esporte nacional: 1933 a 2000

corpo da nação

“…Cumpre notar que a escola militar formava também profissionais civis (quadros de magistério e da área da saúde, por exemplo) e incentivava a criação de institutos de ensino para aplicação da educação física de orientação militar. A extinta Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD), criada em 1939, no âmbito da Universidade do Brasil, foi dirigida por quase dez anos pela EsEFEx, que inclusive cedeu parte de seu corpo docente e determinou suas rotinas e grades curriculares (CASTRO, 1997;SOEIRO;TUBINO, 2003). Nesse período, convencionalmente chamado de Estado Novo, constavam como características do governo de Getúlio Vargas o "estado (sic) forte orientado por uma política centralizadora e intervencionista onde figurava a ideia da colaboração nacional em prol do desenvolvimento da pátria" (SOEIRO;TUBINO, 2003, p. 338).…”

“…A segunda fase foi caracterizada pelo uso do esporte para preparação do soldado, pelo preenchimento de cargos em diversas confederações e federações esportivas, pela contribuição na organização de eventos esportivos e publicações diversas como livros, artigos e manuais na área de Educação Física e do esporte (SOEIRO;TUBINO, 2003, pp. 338-339).…”

“…Pode-se dizer que essas mudanças são reflexos não apenas da política interna do país, mas também das experiências vividas ao longo da Segunda Guerra Mundial (1939)(1940)(1941)(1942)(1943)(1944)(1945), do aprendizado e reformulação de técnicas, das alianças com outras nações e absorção de suas práticas, afinal, como vimos em Leirner (2001), inspirado em autores da escola antropológica francesa, como Lévi-Strauss (1976; e Pierre Clastres (1980;2012) foram realizadas diversas visitas às instalações da Escola e alguns militares viajaram ao exterior em busca do que havia de mais moderno na educação física". E, apesar de esses intercâmbios terem proporcionado à educação física "brasileira" o acesso a métodos e saberes considerados atualizados para a época, cumpre notar que a intensificação do treinamento militar observada nesse período, visando à produção de soldados para a guerra, provocou uma diferenciação significativa entre a educação física civil e a militar (SOEIRO;TUBINO, 2003).…”

“…O Ministro do Exército incentivou as práticas esportivas em todas as guarnições do país, afirmando a importância da preparação física e psicológica do combatente através do desenvolvimento de sadio espírito de competição e camaradagem entre os elementos do Exército Brasileiro. (SOEIRO;TUBINO, 2003, p. 339) Nesse período, intensificando o processo em curso desde a fase anterior, os militares passaram a capacitar-se para a "alta performance" e a preparar-se para competições esportivas de alto rendimento, organizando calendários de eventos esportivos militares e participando, inclusive, de competições "civis" nacionais e internacionais. De acordo com Taborda de Oliveira (2009, p. 396), a política do regime civil-militar autoritário para "o desenvolvimento do esporte em todos os níveis foi o estabelecimento de intercâmbios com envio de missões de professores, técnicos e atletas brasileiros a diferentes países considerados mais desenvolvidos no esporte".…”

“…Por fim, a quinta fase (1990)(1991)(1992)(1993)(1994)(1995)(1996)(1997)(1998)(1999)(2000) caracterizou-se principalmente por dois movimentos: primeiramente, o distanciamento, já observado no período anterior, mas agora visto com maior clareza, entre a EsEFEx e as instituições civis de ensino da educação física e do desporto no país, bem como das entidades esportivas nacionais; e, posteriormente, em 1991, a criação do Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx), uma espécie de laboratório da Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), "criado para obter uma interdisciplinaridade entre o esporte, a saúde, a pesquisa e a preparação dos discentes para atuarem nesta área" (SOEIRO;TUBINO, 2003, p. 339). Assim, as pesquisas científicas sobre o corpo, a fisiologia, a biomecânica, o movimento etc.…”