“…É importante notar que, no discurso dos pais, ficou acentuado o quanto se sentiam preocupados com a filha, levando-a para médicos quase todos os dias desde que nasceu, o que fazia transparecer uma conduta de muitos cuidados. Portanto, tal como apontado por vários autores (Saad, 2007;Sampaio, 2005;Wolf & Falcke, 2011;Zambelli, Tafuri, Viana & Lazzarini, 2013;Zaslavsky & Santos, 2005), a análise da contratransferência se faz essencial para que se possa captar a mensagem inconsciente que o paciente -nesse caso, os pais -traz com a mensagem consciente. É possível pensar que a menina trouxe muito trabalho para os pais num momento em que não pensavam mais em ter filhos, é possível pensar no esgotamento físi-co e psicológico que seu nascimento lhes causou, e nada disso apareceu no discurso deles, provavelmente em razão de um sentimento de raiva que se traduzia num sentimento de culpa e impedia qualquer manifestação nesse sentido.…”