A concepção de paz na civitas de Marsilio de Pádua

Abstract

A paz é um tema antigo e sempre atual, sem ela não vivemos bem. Marsílio de Pádua (1280-1342, médico e filósofo, publicou em 1324 a obra O Defensor da Paz. Trata-se de um dos mais importantes e polêmicos escritos do pensamento político medieval. O objetivo da teoria política do filósofo paduano é promover a paz, entendida como tranquilidade civil, e esta só existe quando a cidade está racionalmente organizada. Retomando Aristóteles, Marsílio descreve a cidade como um ser animado ou vivo. Portanto, como as partes integrantes de um ser vivo devem estar em função de sua saúde, da mesma forma as partes integrantes da cidade deverão estar organizadas com o propósito de propiciar a tranquilidade aos seus habitantes. A paz que deve existir numa cidade concebida e organizada racionalmente é a sua maior riqueza. A paz é a causa total da beleza, das artes e da ciência, por isso, devemos educar-nos para ela.

A utopia como representação no imaginário: Aspectos relevantes à psicologia social

“…A organização racional e o entendimento das partes da cidade, ambos como critérios não descartáveis, possibilitavam o posicionamento do autor frente "a plenitude do poder", fator esse classificado em condição oposta à paz (Tôrres, 2008). A plenitude do poder, principal embasamento tido pelas práticas do pontífice, possibilitava a materialização de prerrogativas responsáveis por intranqüilidades, devido às tensões condicionadas ao poder temporal (Strefling, 2010). Pádua era partidário da apologia à concórdia, salientada pelo pensador latino Salústio: a discórdia representava contradições consideradas não colaborativas ao entendimento do corpo social, dimensão essa que Marsílio costumava fazer analogia a um corpo biológico (Tôrres, 1999).…”