A Bienal de São Paulo, o debate artístico dos anos 1950 e a constituição do primeiro museu de arte moderna do Brasil

Abstract

A partir da primeira etapa da pesquisa em andamento sobre as obras incorporadas ao acervo do antigo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) – hoje no acervo do Museo de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), que resultou na exposição Um Outro Acervo do MAC USP: Prêmios-aquisição da Bienal de São Paulo, 1951-1963 (MAC USP, 2012-2013), procuramos reavaliar algumas premissas adotadas pela historiografia da arte no Brasil na análise da premiação de aquisição e seu papel na constituição de um acervo internacional de arte moderna para o País. Tais aspectos nos levaram a revisar a dimensão do debate em torno das experiências de abstração nos anos 1950, o sistema de seleção das obras para a premiação (que sugere um engajamento muito próximo com o contexto internacional), a constituição de um sistema internacional de circulação de artistas e de obras, dentre outras questões.

Isai Leirner: homem de negócios, homem das artes

“…87 Para Ana Magalhães, embora a premiação de aquisição das Bienais de São Paulo seja compreendida pela literatura como inferior à láurea regulamentar, antes de tudo, ela tem como objetivo explícito constituir um acervo para as instituiçõese por isso deve ser estudada com maior atenção. Segundo Magalhães (2015), existe uma suposição de que não havia critérios para a escolha dessas obras, sendo motivada pela vontade pessoal dos patronos; no entanto, como mostrado anteriormente, havia certa negociação entre patrocinadores e instituições. Tal suposição é corroborada, em parte, pela ausência de discussão em torno da premiação de aquisição nas atas do júri de premiação encontradas no Arquivo Wanda Svevo.…”

Escultoras e Bienais: a construção do reconhecimento artístico no pós-guerra

“…Em carta de 1º de março de 1953 a Francisco Matarazzo Sobrinho 597 , ela narra que, ao chegar a Washington, promovendo artistas e a arte dos países da América Latina e da América Central na década de 1950. Ele era o responsável pela delegação da União Pan-Americana da Bienal, que congregava países latino-americanos que não tinham como ter representação própria 600 .…”

Arte moderna dos Estados Unidos: obras e origens do acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP

“…Acervo MAC USP. Figura 17 Ralph Du Casse, O viking, 1955 -, e em relação ao impacto do sistema de premiação e aquisição da Bienal de São Paulo (MAGALHÃES, 2015(MAGALHÃES, , 2017(MAGALHÃES, e 2019MAGALHÃES;BROGNARA, 2020). Apesar dos 33 Este estudo toma por base a lista de obras fornecida pela equipe de Acervo do MAC USP, intitulada "Obras de autoria de artistas nascidos nos Estados Unidos".…”

“…37 O acervo italiano foi montado pela seleção cuidadosa e instruída de intermediários contratados por Ciccillo e Yolanda Penteado, com o objetivo específico de formar uma coleção de nível 36 Havia intenção de incluir na exposição obras dos Estados Unidos, a partir de uma seleção realizada por James Johnson Sweeney e Alfred Barr, com participação do artista Marcel Duchamp, porém as tratativas para trazer obras daquele país fracassaram (MAGALHÃES, 2017). 37 Em sua tese de livre-docência, Magalhães (2015, p. 23) museológico, resultando em um dos mais importantes panoramas da arte italiana da primeira metade do século XX disponíveis fora da Itália (Magalhães, 2015). Não houve um projeto de colecionismo semelhante no que se refere às obras de artistas dos Estados Unidos.…”