2019
DOI: 10.11606/issn.2596-3147.v1i2p179
|View full text |Cite
|
Sign up to set email alerts
|

“A arte culinária na Bahia”

Abstract: A presente comunicação visa delinear o contexto sociocultural que deu origem ao conjunto de receitas coligidas por Manuel Querino (1851-1923), publicadas na obra intitulada: A arte culinária na Bahia (1922). Três décadas após a abolição do sistema escravista e a proclamação da República, diversos intelectuais brasileiros, empenhados em valorizar os traços específicos do país, procuraram distanciar-se da herança portuguesa. Ampliaram o conceito de três raças formadoras da n… Show more

Help me understand this report

Search citation statements

Order By: Relevance

Paper Sections

Select...
2
1

Citation Types

0
0
0
3

Year Published

2022
2022
2023
2023

Publication Types

Select...
2

Relationship

0
2

Authors

Journals

citations
Cited by 2 publications
(3 citation statements)
references
References 0 publications
0
0
0
3
Order By: Relevance
“…O aluá carioca, por sua vez, também era 'açucarado', subentendendo-se que contava com a adição de adoçante, não necessariamente pelo fato de a matéria fermentada apresentar dulçor natural, sendo a bebida explicitamente referida como azeda. E esse procedimento de acréscimo de um elemento doce se tornou, até o século XX, intimamente associado às receitas de aluá, como se vê nas registradas por Manoel Querino (1957), citadas na abertura deste texto, que mandam agregar rapadura à bebida, fosse ela feita de milho ou de cascas de abacaxi; ou ainda na definição coligida em 1933 pelo jurista, diplomata e professor de Letras Renato Firmino Maia de Mendonça, em seu "A influência africana no português do Brasil", em que registra ser o aluá "bebida feita de arroz cozido, açúcar e sumo de limão", que "também pode ser feita de milho" (Mendonça, 2012, p. 123). Temos, desse modo, uma sobreposição de costumes, o de fermentar determinados cereais, seja ao modo dos africanos, seja ao modo dos indígenas do Brasil; e o de condimentar ou, mais especificamente, de adoçar preparos fermentados, remontando a costumes ibéricos comumente atrelados às alojas, que também se assemelhavam a hábitos de algumas culturas nativas, as quais tradicionalmente acrescentavam meles silvestres em diversas beberagens, antes ou depois da fermentação, e que, após os contatos com os europeus, passaram a se valer de produtos e subprodutos da indústria açucareira para o mesmo fim (Gurian, 2019, pp.…”
Section: Elementos Familiares E Novas Cocçõesunclassified
See 1 more Smart Citation
“…O aluá carioca, por sua vez, também era 'açucarado', subentendendo-se que contava com a adição de adoçante, não necessariamente pelo fato de a matéria fermentada apresentar dulçor natural, sendo a bebida explicitamente referida como azeda. E esse procedimento de acréscimo de um elemento doce se tornou, até o século XX, intimamente associado às receitas de aluá, como se vê nas registradas por Manoel Querino (1957), citadas na abertura deste texto, que mandam agregar rapadura à bebida, fosse ela feita de milho ou de cascas de abacaxi; ou ainda na definição coligida em 1933 pelo jurista, diplomata e professor de Letras Renato Firmino Maia de Mendonça, em seu "A influência africana no português do Brasil", em que registra ser o aluá "bebida feita de arroz cozido, açúcar e sumo de limão", que "também pode ser feita de milho" (Mendonça, 2012, p. 123). Temos, desse modo, uma sobreposição de costumes, o de fermentar determinados cereais, seja ao modo dos africanos, seja ao modo dos indígenas do Brasil; e o de condimentar ou, mais especificamente, de adoçar preparos fermentados, remontando a costumes ibéricos comumente atrelados às alojas, que também se assemelhavam a hábitos de algumas culturas nativas, as quais tradicionalmente acrescentavam meles silvestres em diversas beberagens, antes ou depois da fermentação, e que, após os contatos com os europeus, passaram a se valer de produtos e subprodutos da indústria açucareira para o mesmo fim (Gurian, 2019, pp.…”
Section: Elementos Familiares E Novas Cocçõesunclassified
“…21-29), fica evidente que o ananás se destacou no repertório alimentar e etílico, e no imaginário dos brasileiros. Como ingrediente de aluás, a depender da região, a fruta dividiu espaço com alimentos de inclusão mais antiga nessas receitas 26 , caso da Bahia de Querino (1957), ocasionalmente tomando o protagonismo como gênero-base da bebida. No século XX, vê-se que, para alguns, como o jurista e lexicógrafo Antônio Joaquim de Macedo Soares, a fruta, já então amplamente conhecida como abacaxi, teria se tornado o único elemento cuja fermentação caracterizaria um aluá, resultando em "champanhas" (Soares, 1942, p. 38).…”
Section: Elementos Familiares E Novas Cocçõesunclassified
“…Esse ingrediente também compõe um ponto de jongo do grupo anteriormente citado: "Eu não sou milho que me soca no pilão, todo dia bum bum bum/ Eu não sou daqui, sou de lá/ Quem não tem canoa, passa a vau/ Chega no meio do rio toma pau (grifo nosso)" 40 . Por fim, o quiabo é alimento de origem africana 41 e de excelente preparo, constituindo pratos rituais afro-brasileiros como o ajabó, o amalá e o caruru; e acompanha camarão, carne ensopada e frango 42 . É importante salientar que, além das receitas, os cadernos educativos foram construídos com informações práticas sobre o preparo, sugestões de substituições (considerando os gêneros alimentícios do kit) e mensagens de incentivo ao uso das memórias e do corpo na prática culinária.…”
Section: O Processo Vivido: a Nossa Cooperação E Os Aprendizados Na P...unclassified