A Amazônia De Tainá: Uma Análise Sobre a Reprodução De Clichês Culturais No Cinema Infanto-Juvenil

Abstract

Este artigo analisa como a Amazônia é representada no filme “Tainá – Uma aventura na Amazônia” (2001). O objetivo é verificar se a obra citada está apoiada no reforço de estereótipos regionais e clichês culturais. Como embasamento teórico, optou-se por seguir o pensamento complexo de Edgar Morin, em diálogo com a ideia de “invenção da Amazônia”, trabalhada por Neide Gondim, e com as noções trabalhadas em “A Sociedade do Espetáculo”, por Guy Debord. O trabalho foi elaborado a partir de pesquisas bibliográficas e da observação do filme em questão. Conforme a análise realizada, foi possível constatar que a região é representada de forma exótica e seus personagens reforçam estereótipos cristalizados pelo senso comum. A bandeira da sustentabilidade e da preservação ambiental serve como um discurso superficial para justificar a proposta ecológica do filme.
 
 
 Abstract
 This paper examines how the Amazon is represented in the film Taina - An adventure in the Amazon (2001). The aim is to check that the aforementioned work is supported in strengthening stereotypes regional and cultural pastiche. As theoretical basis opted for Edgar Morin in dialogue with the idea of the Invention of the Amazon, crafted by Neide Gondim and The Society of the Spectacle by Guy Debord. The work was developed from literature searches and empirical observation of the film in question. According to the analysis, it was found that the region is represented exotically and his characters reinforce stereotypes crystallized by common sense. The flag of sustainability and environmental protection serves only as a superficial speech to justify the ecological proposal of the movie.
 
 Keywords: cinema; indian; Amazon; cultural pastiche.

Aproximações entre infâncias, indígenas mulheres e feminismos no filme Tainá (2000)

“…Vale ainda mencionar que o filme foi vencedor de vários prêmios em festivais de conteúdo infantil dentro e fora do Brasil, levando, inclusive, dois prêmios, de júri e voto popular, no Chicago International Children's Film Festival, no ano de seu lançamento 8 , em 2001. 7 Segundo Lopes (2016), em tupi-guarani, a palavra "Tainá" tem o significado de estrela, astros celestes ou estrela da manhã, sendo esta última expressão utilizada no filme para se referir a Tainá. O autor lembra ainda que o termo Tainá é "associado à lenda carajá de 'Tainá-can', uma grande estrela, venerada como um deus, que visita a Terra uma vez por ano" (LOPES, 2016, p. 155).…”

“…Analisando o filme em perspectiva diferente da que apresentamos, Lopes (2016) busca perceber de que maneira a obra representa a Amazônia, para ele Tainá reforça a noção de uma Amazônia "exótica" que reforça estereótipos que permeiam o imaginário coletivo, "o conjunto da obra atende a expectativa do público, que prevê a apresentação de uma Amazônia sustentada na expressão de sua natureza hostil e exuberante, com um ambiente selvagem e mítico que esconde tesouros" (LOPES, 2016, p. 161). Atrelado a isso, o autor também critica a forma como o filme aborda o choque entre a cultura indígena e a cultura "branca", e destaca "a diversidade cultural da Amazônia e as pluralidades de seu povo são enfocadas sob um mesmo prisma, a partir da padronização de referências culturais 'colonizadas'" (LOPES, 2016, p. 162).…”