A aliança do Pacífico e o tabuleiro geopolítico sul-americano

Abstract

O artigo analisa os impactos do advento da Aliança do Pacífico na arquitetura de governança regional da América do Sul em termos políticos, econômicos e estratégico-militares e suas consequências no processo de integração regional sul-americano. A Aliança do Pacífico é percebida como uma reação às iniciativas de integração em curso na região, que visam dotar seus países de maior autonomia em um cenário de crescente multipolaridade e indefinições geopolíticas. O antagonismo entre os projetos de integração regional, em particular entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, resultam inexoravelmente na fragmentação da América do Sul, permitindo a influência e a atuação de potências externas e contribuindo para a vulnerabilidade e enfraquecimento dos países da região, além de atuar como óbice à solidificação do projeto regional sul-americano. Assim, analisam-se igualmente os interesses geopolíticos em jogo na América do Sul por parte de atores extrarregionais, notadamente os Estados Unidos e a China.

Regionalism and Regional Integration in South America:A discussion on the difficulties and ideological divergences (2000-2016).

“…A única organização que conteve todos os países da América do Sul foi a Unasul, que pouco avançou no âmbito comercial. Na visão de Simões (2018) Os subgrupos liberal e bolivariano surgiram de uma divergência ideológica do bloco CAN (Desiderá Neto, 2011). O Chile já deixara o bloco quando este ainda se chamava Pacto Andino, em 1977, devido às políticas de liberalização comercial adotadas durante o regime do general Augusto Pinochet (Bressan & Luciano, 2018), vindo a firmar em 2011 sua adesão à Aliança do Pacífico.…”

“…O bloco Aliança do Pacífico, para alguns autores como Padula (2013) e Simões (2018), também era visto como um possível problema para a integração regional no âmbito econômico, por resgatar o viés liberal e por estreitar laços de abertura comercial com grandes economias. O bloco possui uma estratégia comum para que economias de países subdesenvolvidos de caráter liberal se integrem com economias mais avançadas (Padula, 2013), sendo que atualmente, a bacia do Pacífico se consolidou como epicentro da economia global, justamente por englobar economias de grande dimensão, como os EUA, a Austrália, o Canadá, o Japão e a China (Simões, 2018).…”

“…Para Simões (2018), a Aliança do Pacífico, além de procurar expandir o livre comércio na América do Sul por meio de uma frente liberal, busca também atenuar a influência dos principais atores regionais, como Brasil, Argentina e Venezuela. Sobre isso, o autor lembra que três países do Mercosul, sendo eles: a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, já são países observadores do bloco voltado ao Oceano Pacífico.…”

As relações geopolíticas dos EUA com a América do Sul na gestão de Barack Obama (2009-2016)

“…O bloco Aliança do Pacífico, para alguns autores como Padula (2013) e Simões (2018), também era visto como um possível problema para a integração regional no âmbito econômico, por resgatar o viés neoliberal e por estreitar laços de abertura comercial com grandes economias. O bloco possui uma estratégia comum para que economias de países subdesenvolvidos de caráter liberal se integrem com economias mais avançadas (PADULA, 2013), sendo que atualmente a bacia do Pacífico se consolidou como epicentro da economia global, justamente por englobar economias de grande dimensão, como os EUA, a Austrália, o Canadá, o Japão e a China (SIMÕES, 2018).…”

“…Los acuerdos comerciales existentes y la opción por la integración aún no se tradujeron en la creación de industrias capaces de complementarse" (ZIBECHI, 2013, n.p.). Simões (2018) [...] é comumente referido como uma "fortaleza comercial", com acesso altamente restrito a mercados internacionais, dado o número limitado de acordos comerciais externos. Os membros não podem negociar acordos comerciais individuais, pois o bloco é, na verdade, uma união aduaneira (imperfeita).…”