Quintais agroflorestais urbanos no sul da Amazônia: os guardiões da agrobiodiversidade?

Abstract

Os quintais agroflorestais são uma prática milenar em várias partes do mundo e desempenham importantes papéis econômicos, culturais e de conservação da agrobiodiversidade. Sendo assim, o principal objetivo deste estudo foi realizar o levantamento das espécies vegetais em quintais agroflorestais urbanos em Alta Floresta – MT, sul da Amazônia; bem como analisar se contribuem para a conservação da agrobiodiversidade. Para tanto, realizou-se levantamento florístico em 30 quintais agroflorestais urbanos em 17 bairros, usando a técnica de visita guiada. Essa visita consistiu em uma caminhada pelo quintal na companhia da mantenedora, reunindo informações sobre as espécies. Também foi realizada entrevista semiestruturada. Para identificação in situ das espécies vegetais, os indivíduos foram registrados pelo nome popular e feito registro fotográfico. Os dados foram analisados ​​por meio do índice de Shannon-Wiener, equabilidade, frequência, densidades absoluta e relativa, índice de valor de importância e similaridade florística realizada através da análise de agrupamentos. Para isso, foi utilizado o coeficiente de similaridade de Bray-Curtis e o método UPGMA. Os cálculos das variáveis e dos índices foram realizados pelo programa FITOPAC 2.1. A análise estatística utilizada foi a descritiva. Foram encontradas 72 famílias botânicas, 7.106 indivíduos e 243 espécies. Os quintais têm uma densidade de 947,47 e um índice de Shannon-Wiener de 4,06. Os quintais apresentaram baixa similaridade. A área média dos quintais é de 0,25 ha. Encontrou-se alta diversidade de famílias botânicas, indivíduos e espécies por quintal agrupadas em oito categorias de uso: frutíferas, olerícolas, condimentares, grãos, madeireira, medicinal, ornamental e sombreamento. A categoria de uso de maior importância é a medicinal. A composição florística dos 30 quintais é heterogênea. Em Alta Floresta, onde a monocultura de pastagem e da soja é predominante, os quintais agroflorestais urbanos são uma maneira de conservação da agrobiodiversidade e contribuição também para a fauna local.

Cultivo E Extrativismo Na Comunidade Indígena Ipaupixuna, Santarém/Pa

“…Assim como o açaí, o cupuaçu e a banana são as espécies mais frequentes em quintais agroflorestais existentes na região paraense, tanto em comunidades rurais não tradicionais quanto indígenas (GONÇALVES et al, 2015;ALFAIA;DIAS, 2019;PEREIRA et al, 2018;SOUZA et al, 2018;SANTOS, 2012). A preferência por cultivo de espécies como açaí e cupuaçu na Amazônia demonstra uma certa preocupação com o uso e a valorização de espécies vegetais nativas da região Amazônica (GERVAZIO et al, 2022). Em quintais agroflorestais no município de Belterra, Pará, segundo Rebelo et al (2019), o cupuaçu destaca-se como protagonista dentre as demais espécies ocorrentes, tendo seu quantitativo demonstrado grande potencial para consumo e comercialização da polpa excedente.…”

Caracterização molecular de etnovariedades de Manihot esculenta Crantz com utilização de marcadores moleculares ISSR

“…Segundo Cock (1982), a mandioca é facilmente cultivada, sua produção é de baixo custo e proporciona um alto rendimento, o que está relacionado a sua utilização tanto para a nutrição humana quanto de animais. A espécie é comumente cultivada na região sul da Amazônia, não só nas roças, para fins comerciais, mas também em quintais urbanos e rurais, como forma de complementar ou até mesmo assegurar a alimentação do núcleo familiar (DARDENGO et al, 2022;GERVAZIO et al 2022;ZORTEA et al, 2018).…”

Diversidade Em Quintais Produtivos: Um Estudo Florístico E Fitossociológico

“…Ademais, Gervazio et al (2022) reiteram que nesses espaços há uma grande variedade de espécies vegetais, com fins agrícolas, ornamentais, medicinais e florestais, onde os moradores buscam aproveitar o máximo possível a área, não existindo, na maioria dos quintais, um planejamento para a implantação dessas espécies, sendo o uso destes espaços de acordo com o que convenha aos seus mantenedores.…”