Com base nas relações entre experiência e linguagem pensadas por Walter Benjamin e Giorgio Agamben, este artigo pretende apresentar a infância como um experimentum linguae que opera na cisão entre língua e discurso (semiótico e semântico), apontando assim para uma saída ética sempre aberta e potencial diante do vazio pressuponente da linguagem, reflexão que lança luz sobre uma das ideias mais obscuras de Benjamim, qual seja, a de violência pura. Para alcançar tal objetivo, o artigo se desenvolve em três pares temáticos: a) declínio da experiência e ciência moderna; b) infância e experimentum linguae; e c) crítica da violência e língua pura. Por fim, nas considerações finais, são esboçadas algumas possibilidades de modos de vida à altura do vazio insuprimível da linguagem.