No Brasil, embora as mulheres sejam maioria nos cursos de pós-graduação, ainda enfrentam dificuldades de se manterem e de ascenderem nas carreiras acadêmicas. O androcentrismo das universidades, o ambiente extremamente competitivo, somado à sobrecarga de trabalhos domésticos e de cuidados tradicionalmente impostos às mulheres, faz com que elas sejam penalizadas nessas carreiras. No período da pandemia de covid-19, onde as pesquisadoras estão trabalhando remotamente, essas dificuldades ficaram mais evidentes, se traduzindo em diminuição de produção e ampliando as desigualdades de gênero na academia. A proposta do artigo é discutir os desafios enfrentados pelas pesquisadoras em meio à pandemia e as potencialidades, trazidas pela crise, de mudança na lógica de trabalho desigual na academia. Neste sentido, o referencial teórico-metodológico adotado foi ancorado nas abordagens dos estudos feministas sobre as desigualdades de gênero na sociedade e na ciência. Após uma contextualização da desigualdade de gênero no Brasil atual, incluindo o contexto acadêmico, discutiu-se sobre como a reestruturação do trabalho acadêmico em tempos de pandemia tem impactado de forma distinta as pesquisadoras, especialmente aquelas que são mães. O artigo termina com reflexões sobre as potencialidades da crise em promover a ruptura com o paradigma atual, excludente e produtivista, de produção do conhecimento.