A leitura tem uma relação muito direta com a atuação do bibliotecário, ao mesmo tempo em que as discussões a seu respeito não ocupam lugar de destaque nos currículos de Biblioteconomia. O que se observa é um destaque para a leitura técnica, como a documentária. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa é verificar que lugar as questões de leitura e autoria ocupam nos cursos de Biblioteconomia no Brasil — tendo como recorte as regiões Norte e Nordeste — e sob quais perspectivas teóricas têm sido desenvolvidas na formação dos futuros bibliotecários. A partir de uma visão dialógica bakhtiniana, discute-se a leitura como um ato político, social, ideológico e responsável, entendendo o papel do bibliotecário como mediador de cultura e informação. O estudo se caracteriza como de natureza qualitativa, do tipo exploratório, descritivo e documentário. Analisa os projetos pedagógicos dos cursos de Biblioteconomia de 13 universidades federais do Norte e Nordeste, com foco nas disciplinas que tratam de leitura e autoria sob um viés dialógico. Destas, foram analisadas também ementas e, em alguns casos, as bibliografias. Os resultados mostram que a maioria dos cursos de Biblioteconomia analisados oferece alguma disciplina sobre leitura e autoria, entretanto ainda é uma oferta inexpressiva se comparada à quantidade de disciplinas “técnicas”. Também se verificou uma tendência a pensar a leitura atrelada à literatura, ao livro, ao público infantojuvenil e à biblioteca escolar. Além disso, observou-se que o debate sobre autoria recebe pouco destaque, sendo diretamente mencionado em poucas ementas analisadas.