O presente artigo visa propor um horizonte de virtualização da pesquisa foucaultiana sobre o cuidado de si na Antiguidade clássica, por meio da interpelação da figura do Anthropos como operador de nossos atuais modos de pensamento. Para tanto, o trabalho articula, inicialmente, as discussões presentes no curso A hermenêutica do sujeito, ministrado em 1982 no Collège de France, no que se diz respeito às problemáticas atinentes à forma homem/humano; estas suscitadas pelo enfrentamento de dois documentos históricos de natureza antropológico-etnográfica: as obras Argonautas do pacífico ocidental, de 1922, de Bronislaw Malinowski, e Escute as feras, de 2019, de Nastassja Martin. O estudo aponta para os desdobramentos éticos dessa discussão tanto no campo filosófico quanto no filosófico-educacional, ao focalizar os limites das categorizações transcendentais que determinam as fronteiras entre humanos e não humanos. Tais implicações forçam a atualidade educacional ao difícil gesto de recusa radical do sujeito, manifesto sob a forma homem/humano, como um universal, convocando a educação a atentar para as forças da própria vida em suas variações contínuas.