2014
DOI: 10.1590/s1517-97022014091637
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O sucesso escolar de meninas de camadas populares: qual o papel da socialização familiar?

Abstract: Este artigo apresenta resultados de um estudo qualitativo que procurou conhecer os processos de socialização de gênero no interior de oito famílias de setores populares na cidade de São Paulo. Aqui enfocamos alguns dos aspectos que nos pareceram relevantes na compreensão da trajetória escolar melhor sucedida das meninas. Ao longo de 2011, foram feitas entrevistas semiestruradas com oito mães, dois pais e dez crianças, além de conversas e observações nas escolas, envolvendo ao todo 26 crianças e jovens. Obtivem… Show more

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“…Nesse trabalho, observou-se que o campo ainda é pouco explorado no país, como demonstrado em estudos de revisão da literatura sobre o tema (Matias, 2009;Castanho & Mancini, 2016). Além das revistas, foram consultados livros sobre o brincar e sobre a educação não formal e publicações relacionadas a programas de tempo integral, de atendimentos à criança e ao adolescente e das atividades realizadas por esses públicos fora da escola (Carvalho et al, 2014;Carneiro & Dodge, 2007 Após essas pesquisas, foi possível observar que as crianças se dividem em dois grupos: o primeiro, de participantes de atividades extracurriculares estruturadas; e o segundo, de não participantes. Em relação ao primeiro, as crianças vinculam-se a programas de ampliação da jornada escolar, a ações acadêmicas e a projetos desenvolvidos por escolas, públicas ou privadas, e instituições sociais, onde são oferecidas atividades esportivas, artísticas, culturais e de apoio pedagógico (Brasil, 2016;Dayrell & Geber, 2015;Krebs et al, 2011;Leite & Carvalho, 2016;Lopes, et al, 2016;Souza et al, 2016).…”
Section: Elaboração Da Escala De Envolvimento Em Atividades Extracurrunclassified
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“…Nesse trabalho, observou-se que o campo ainda é pouco explorado no país, como demonstrado em estudos de revisão da literatura sobre o tema (Matias, 2009;Castanho & Mancini, 2016). Além das revistas, foram consultados livros sobre o brincar e sobre a educação não formal e publicações relacionadas a programas de tempo integral, de atendimentos à criança e ao adolescente e das atividades realizadas por esses públicos fora da escola (Carvalho et al, 2014;Carneiro & Dodge, 2007 Após essas pesquisas, foi possível observar que as crianças se dividem em dois grupos: o primeiro, de participantes de atividades extracurriculares estruturadas; e o segundo, de não participantes. Em relação ao primeiro, as crianças vinculam-se a programas de ampliação da jornada escolar, a ações acadêmicas e a projetos desenvolvidos por escolas, públicas ou privadas, e instituições sociais, onde são oferecidas atividades esportivas, artísticas, culturais e de apoio pedagógico (Brasil, 2016;Dayrell & Geber, 2015;Krebs et al, 2011;Leite & Carvalho, 2016;Lopes, et al, 2016;Souza et al, 2016).…”
Section: Elaboração Da Escala De Envolvimento Em Atividades Extracurrunclassified
“…Essas são realizadas, na maioria das vezes, em casa, bem como em parques, locais de cuidado, de lazer e na rua. O segundo tipo é composto por atividades estruturadas, desenvolvidas ao longo da semana, nas quais se observam o planejamento e a regularidade no seu desenvolvimento, como acontece em aulas de música, de dança e de esportes (Carvalho, Loges, & Senkevics, 2016;Carvalho, Senkevics, & Loges, 2014;Osti, 2016;Quaresma, 2016;Souza, Bandeira, Valentini, Ramalho, & Carvalhal, 2016). Ações com esse formato são utilizadas nas escolas e/ou projetos de tempo integral no Brasil, como o Programa Novo Mais Educação (Brasil, 2016).…”
Section: Introductionunclassified
“…Para quase a totalidade das meninas, a "rua" era retratada como um ambiente cheio de perigos; com frequência, elas tomavam casos particulares de violência para generalizar exemplos por vezes abstratos acerca dos riscos do espaço público. Para além de uma aversão pessoal aos ambientes exteriores, tratava-se de um rígido controle imposto por seus familiares, cenário que corrobora a hipótese de que as meninas, em função do sexo, tendem a ficar praticamente confinadas no ambiente doméstico (Carvalho;Loges, 2014).…”
unclassified
“…MADEIRA, 1997;VALENTINE, 2004;CARVALHO;LOGES, 2014). Na conversa com Karlos, ele me relatou que podia andar sozinho pela região onde morava, inclusive de noite ("Não dá nada, não").…”
Section: Riscos Perigos E Medos Do Espaço Públicounclassified
“…Em diálogo com a literatura nacional e internacional sobre a influência da socialização familiar na escolarização de meninos e meninas -ou, mais amplamente, nas construções de gênero -nota-se uma ambiguidade que gira em torno de, por um lado, trabalhos que afirmam a existência de um controle mais restrito sobre as meninas, cerceando sua liberdade e tornando-as mais dependentes (FONTAINE, 1991;LAVINAS, 1997;BARROSO, 2008;DURU-BELLAT, 2008), e, por outro lado, pesquisas que defendem o contrário, sustentando a existência de uma maior autonomia para as meninas, levando-as a serem menos dependentes e, portanto, mais maduras e responsáveis (THORNE, 1987;MADEIRA, 1997;SOLBERG, 1997;WHITAKER, 2002;GOUYON;GUÉRIN, 2006;OCTOBRE, 2010;CHARLOT, 2009;CARVALHO;LOGES, 2014 Entre as duas perspectivas mencionadas acima, a primeira delas enuncia, na esteira do que vim apresentando neste texto, que a socialização das garotas tende a promover e legitimar a divisão sexual do trabalho e o confinamento no ambiente doméstico, fenômenos que culminam, em consonância com Lavinas (1997, p. 34), no reconhecimento de que "as meninas veem-se restringidas na sua autonomia, apesar de reiteradamente considerarem-se iguais em tudo, por princípio e por direito". Pois, se resumir os achados desta pesquisa em poucas linhas, diria que as meninas estudadas, em conjunto, sofrem com restrições agudas ao exercício de sua liberdade, particularmente no que tange à possibilidade de ir e vir, ao controle sobre sua própria rotina e à sobrecarga de normas e responsabilidades frequentemente impostas.…”
Section: Atividades Extraescolaresunclassified