Pedagogia crítica da Educação Física: uma análise comparada entre o Brasil e a literatura anglófona

Abstract

RESUMO Este ensaio oferece uma análise comparada do desenvolvimento da pedagogia crítica no campo da Educação Física. Examina sua trajetória em duas diferentes paisagens cognitivas. Por um lado, a realidade brasileira e, por outro, a representada pela literatura anglófona. Em termos metodológicos, o estudo opera, como fonte, com importantes livros e revistas publicados nas últimas três décadas no Brasil e no mundo anglófono. Os resultados apontam para afinidades, mas, também, para diferenças na trajetória da pedagogia crítica nos dois universos investigados.

Mapeamento dialético da pedagogia crítico-superadora: encontro com um debate epistemológico

“…Tal condição se daria tanto pelas referidas perspectivas críticas não estarem, a priori, isentas da vontade de controle e domínio imanentes à constituição da pedagogia moderna, quanto em função do próprio conceito de emancipaçãoalvo epistemológico da suspeita pósmoderna (ALMEIDA, 2020). Alargando os debates objetivados, ganham espaço nesse trabalho as produções de Bracht et al (2019), Vaz (2019), além das considerações acima de Almeida (2020). Em comum, tais produções tem a vinculação com um conjunto de ferramentas conceituais que no intento de propor novas sínteses críticas (segundo eles próprios) os inscreve ainda no campo crítico da educação e da EFE brasileira (ALMEIDA, 2020;BRACHT et al, 2019;VAZ, 2019).…”

“…Alargando os debates objetivados, ganham espaço nesse trabalho as produções de Bracht et al (2019), Vaz (2019), além das considerações acima de Almeida (2020). Em comum, tais produções tem a vinculação com um conjunto de ferramentas conceituais que no intento de propor novas sínteses críticas (segundo eles próprios) os inscreve ainda no campo crítico da educação e da EFE brasileira (ALMEIDA, 2020;BRACHT et al, 2019;VAZ, 2019).…”

“…No entanto, observando tal proposição, Vaz (2019) Assim, Almeida (2020) pontua que a despeito de certa reação da EF crítica anglófona aos tensionamentos pós-modernos, no caso brasileiro, é possível identificar três condutas frente a dúvida pós-moderna. Dentre essas, a APCS vai se vincular a pedagogia marxista da EF (ALMEIDA, 2020;TAFFAREL et al,2010).…”

“…Como resultado do mapeamento das críticas supracitadas, restou, dentre o conjunto de aproximações críticas à APCS, uma alta incidência de críticas de corte epistemológico que compõem um debate que se caracteriza, largamente, pelas tensões entre os denominados campos pós-crítico e crítico da EF e da Educação Física Escolar (EFE), que, por seu turno, refletem a mesma tensão posta no debate educacional e científico mais amplo (ALMEIDA, 2020;BRACHT et al 2019;NEIRA, 2020;TAFFAREL et al, 2010).…”

“…Tais reflexões convergem com o exposto por Almeida (2020) ao assinalar que o campo crítico da EFE foi questionado por desenvolver uma produção de caráter utópico, abstrato e de forte denuncismo, ao mesmo tempo em que se fez parco na proposição de encaminhamentos práticometodológicosproposições essas largamente incapazes, na visão do autor, de substituir as práticas instituídas. Ainda segundoAlmeida (2020), tal situação pode ser verbalizada pelo que Fensterseifer e González (2007) denominaram de "não-mais e ainda não" -uma "difícil transição entre uma prática em que não se acredita mais e outra que, por inúmeras razões, ainda tem dificuldade de se implementar" (ALMEIDA, 2020, p. 9). Destarte,Nogueira (2008) endossa o discurso de que o campo crítico na EFE propôs a construção de uma prática pedagógica historicamente situada em diálogo com um instrumental teórico comprometido com a transformação social.…”