Gestão de empreendimentos criativos e culturais: estudo de uma organização de ensino e difusão de ritmos afro-brasileiros em São João Del-Rei (MG)

Abstract

ndústrias criativas caracterizam-se pela produção de bens simbólicos e artísticos, cujo consumo é de natureza interpretativa, estética, experiencial. Isso as diferencia de indústrias cujos produtos/serviços são voltados ao consumo funcional e/ou instrumental, foco mais usual de estudos da Administração. O objetivo do artigo é descrever e analisar um empreendimento criativo e cultural em São João del-Rei (MG), buscando entender organização, gestão, produtos, objetivos e, conforme reporta a literatura, existência de tensões específicas. Adotou-se metodologia de estudo de caso, com abordagem interpretativista, envolvendo coleta e análise de dados da organização, obtidos via: (1) entrevistas em profundidade com membros e parceiros; (2) observação não participante a eventos públicos realizados pela organização; e (3) informações organizacionais disponíveis no website. Os resultados obtidos evidenciam existência, no empreendimento, de dilemas típicos descritos na literatura, particularmente, tensão entre "arte versus negócio", com aceitação parcial do modelo gerencial, tendência ao improviso, ausência de planejamento de longo prazo e ênfase em/ou idealização de objetivos educativos. Palavras-chave:Empreendedorismo. Empreendimentos criativos e culturais. Ritmos afro-brasileiros. Cultura popular. AbstractC reative industries are characterized by production of artistic and symbolic goods involving interpretative, aesthetic, experiential consumption. This differentiates them from conventional industries, with products/services geared to functional and/or instrumental consumption and usually the main focus of Administration studies. This paper is aimed at describing and analyzing a creative and cultural enterprise in São João del-Rei (MG/Brazil), in order to understand organization, management, products, objectives, and as reported in the literature, the existence of specific tensions. The methodology of case study was adopted, with an interpretative approach, involving data collection and analysis carried out via: (a) in-depth interviews with members and partners of the association; ( b) non-participant CNPq (2011CNPq ( /2012. E-mail: sandrafurtd@yahoo.com Em outro estudo mais recente, a Unctad (2010, p. 8) define indústrias criativas como: [...] ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam criatividade e capital intelectual como insumos primários; atividades baseadas em conhecimentos focadas, mas não limitadas às artes, potencialmente geradoras de receitas comerciais ou de propriedade intelectual; produtos tangíveis e serviços intangíveis intelectuais ou artísticos, com conteúdo criativo, valor econômico e objetivos de mercado; na interseção entre artesanato, serviços e setores industriais; novo e dinâmico setor de comércio mundial. Bacharel em Administração pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Bolsista de Iniciação Científica doE ainda classifica as indústrias criativas em quatro áreas: (1) Patrimônio cultural, constituído por: (1.1) expressões culturais tradicionais (artesan...

Empreendedorismo cultural e artístico: veredas da pesquisa acadêmica

“…A cultura refere-se às esferas sociais, funcionais, comunitárias, familiares, afetivas. Inclui também altruísmo social, interesses coletivos (Campos & Davel, 2018;Cora, 2016;Ettinger, 2015;Judice & Furtado, 2014;Reis & Zille;) e outras formas de entender a arte como bem público que precisa ser compartilhado (Toghraee & Monjezi, 2017). Trata-se de um modo ético de práticas comunais e coletivas (Banks, 2006).…”

Buzinaços, cânticos e shows: O empreendedorismo cultural na tradicional Festa do Caminhoneiro de Itabaiana-Sergipe

“…Que os formuladores de políticas públicas deem mais atenção à aplicação de políticas regionais de desenvolvimento econômico e social, com a expectativa de geração de empregos, crescimento de renda regional e local. Ademais, deve-se ampliar o acesso e participação dos cidadãos, de forma a engajálos nos empreendimentos culturais (Judice & Furtado, 2014), como um campo promissor, e no florescimento de novas oportunidades de negócios culturais (Alves, 2016).…”

Aprendizagem No Empreendedorismo Cultural À Luz Do Paradigma Interpretativo: Um Ensaio Teórico.

“…É nesse sentido que a noção de empreendedorismo cultural têm sido utilizada, para referir-se à produção de bens simbólicos a partir de uma origem ou perspectiva cultural e econômica (BANKS, et. al., 2000;CORA, 2016;GUERRA, PAIVA JÚNIOR, 2016;JUDITE;FURTADO, 2014;) O empreendedorismo cultural representa uma subjetividade composta de três elementos: (1) os indivíduos criam novos produtos culturais como músicas e performances, (2), são orientados para agir em meio às oportunidades com o objetivo de criar suas identidades e histórias de vida social, e (3), são empreendedores pois precisam buscar modos inovadores de fazerem isso devido sua configuração no ambiente de negócios não permitir acesso substancial ao capital econômico (SCOTT, 2012). Diante disso, o empreendedorismo cultural é visto como processo de inovação, adaptação, integração do local para o global sem hierarquia entre os grupos (BANKS, et.…”

“…Conforme explicitado no quadro acima, observamos que não há consenso quanto ao conceito do empreendedorismo cultural, parte disso se deve ao fato do fenômeno não ser consolidado teoricamente pois só nos últimos anos têm sido foco de estudos acadêmicos, e parte por se tratar de um fenômeno subjetivo que em contextos e naturezas diferentes apresenta variações. Para alguns autores, os produtos culturais têm como objetivo principal a valorização simbólica com característica estética (JUDICE; FURTADO, 2014;BANKS, et. al., 2000) no qual esses produtos carregam consigo significados (BANKS, et.…”