Escrever é reescrever: desenvolvendo competências em leitura e escrita no contexto da clínica fonoaudiológica

Abstract

O objetivo deste trabalho é apresentar um recorte de uma pesquisa qualitativa, longitudinal e de cunho sócio-histórico. A finalidade da pesquisa foi o desenvolvimento de uma proposta terapêutica embasada na teoria de gêneros do discurso de Bakhtin. Para a efetivação da proposta, desenvolveu-se um estudo de caso de atendimento terapêutico grupal. O grupo foi composto por cinco adolescentes que apresentavam queixas de dificuldades de leitura e escrita. A proposta com os gêneros partiu da produção escrita de uma peça de teatro, baseada em um romance lido em terapia, da publicação da peça em site e de sua encenação. Apresenta-se neste artigo parte da interlocução com apenas um dos sujeitos do grupo, o sujeito D, em processo de (re)escrita de texto em um dos gêneros abordados: o gênero peça de teatro. Os dados foram analisados à luz do dialogismo bakhtiniano.

Crianças diagnosticadas com Síndrome de Irlen: análise de produções escritas.

“…Estudos apontam que parcela significativa da população inserida no contexto educacional, tem sido vítima de um excesso de diagnósticos e encaminhamentos para atendimentos clínico--especializados. Chama atenção, a recorrência de diagnósticos que, como apontam estudos realizados por grupos de pesquisadores 3,7,8,9 , são pautados em critérios imprecisos e inconsistentes, formulados com base em um raciocínio de causa e efeito.…”

“…É importante destacar que a partir de avaliações fonoaudiológicas centradas em aspectos orgânicos, funcionais e/ ou perceptuais relacionados à audição, à visão e a coordenação motora, tais crianças vêm sendo das na posição de interlocutoras de seus próprios escritos e dos escritos de seus colegas, o que limita as possibilidades de análise dos critérios que regem o sistema alfabético da língua portuguesa 7,9,10 . Evidenciando tal fato, estudos 8,9,11,12 apontam como as atividades de escrita vivenciadas pelas crianças no contexto escolar objetivam, predominantemente, a avaliação da capacidade de codificação das mesmas e, portanto, estão a serviço da identificação e mensuração dos chamados erros de ortografia.…”

“…A partir de outras perspectivas, que buscam integrar os aspectos orgânicos e perceptuais envolvidos com a leitura e escrita 7,8 às demais dimensões que participam do processo de apropriação e uso de tal modalidade de linguagem, estudos baseados em uma concepção de linguagem sócio-histórica 9,10 oferecem elementos que permitem compreender como essas supostas queixas e diagnósticos estão condicionadas por vários determinantes 7,8 . Tais estudos partem do pressuposto de que o domínio da leitura e escrita pressupõe a apropriação do sistema alfabético da língua portuguesa (aspectos notacionais), bem como, das dimensões discursivas que constituem tais práticas, as quais se referem às condições de produção dos textos escritos, ou seja, para quem se escreve, com que finalidade, sobre o que se escreve 9,10 .…”

“…Tais estudos partem do pressuposto de que o domínio da leitura e escrita pressupõe a apropriação do sistema alfabético da língua portuguesa (aspectos notacionais), bem como, das dimensões discursivas que constituem tais práticas, as quais se referem às condições de produção dos textos escritos, ou seja, para quem se escreve, com que finalidade, sobre o que se escreve 9,10 . A partir desse pressuposto, entende-se que as condições de leitura e escrita dos sujeitos estão, predominantemente, vinculadas às experiências, aos valores e usos que os mesmos estabelecem com essa modalidade de linguagem, ao longo de suas vidas, em diferentes contextos e a partir de diferentes relações sociais 7,9,10 . Considera-se ainda, no que se refere aos processos de ensino-aprendizagem da língua portuguesa em sua modalidade escrita, que as manifestações ortográficas fora do padrão são o resultado de habilidades que, muitas vezes, não foram devidamente desenvolvidas no contexto educacional.…”

Encaminhamentos escolares de crianças com dificuldades na escrita: uma análise da posição adotada pela família

“…Thus, it is pointed out the importance of conceiving language as a social and interactive activity, which articulates individual and social dimensions through the understanding that reading and writing are accomplished by the interaction between speakers and listeners in a social context. This demands several linguistic-discursive skills which enable the building of meanings in a text 7 . Therefore, from a sociohistorical perspective, it is assumed that written language comprises subjects and social relations, and its acquisition depends on the quality of mediations established between the child, adults and written discourses 8 .…”