Segundo o dicionário Aurélio, a Psicologia é parte da Filosofia que trata da alma, das suas manifestações e dos fenômenos psíquicos. Já a Psiquiatria é por ele apresentada como a doutrina das doenças mentais e do respectivo tratamento. A Psicologia cuida do aspecto social e comportamental das pessoas. A Psiquiatria cuida da parte fisiológica e química envolvendo o cérebro humano. Em “Nos mares do fim do mundo” (1959) e “O Lugre” (1959), Bernardo Santareno, psicólogo, se preocupa em descobrir as causas dos problemas sofridos pelos homens do mar, usando como principal ferramenta o conhecimento social, filosófico e comportamental. Aqui, o indivíduo é analisado no contexto em que vive, com o autor se propondo a identificar e tratar as alterações psicológicas e comportamentais por meio de técnicas conversacionais, além de ajudar a preveni-las. Por sua vez, em relação a essas mesmas obras, Santareno, psiquiatra, avalia e trata problemas psicológicos focando na parte orgânica, por meio da avaliação fisiológica e química do cérebro. Na prática, sua preocupação psiquiátrica se ocupa primeiramente em reduzir os sintomas ocasionados pelo isolamento e distanciamento social do homem no mar. Em 1957 e em 1959, Bernardo Santareno, embarcando como médico de bordo na frota bacalhoeira portuguesa (David Melgueiro, Senhora do Mar e Gil Eannes) que se dirigia todos os anos para a Terra Nova e Groenlândia, traçou pequenos quadros narrativos que realçavam o elemento humano rodeado pela mais austera natureza. Entre a linguagem poética, a reflexão e a narrativa, usou observações para narrar e narrações para tratar a trajetória marítima e de vida nas quais suas personagens se descobriam real e interiormente. Por sua vez, levando-as para a encenação, descortinou a propaganda de cunho econômico do Estado Novo, reproduzida em sua ordem social