O texto tem como objetivo analisar impactos socioambientais da instalação da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó no rio Uruguai, região sul do Brasil, na pesca artesanal e as alterações produzidas nos meios de vida dos profissionais da Colônias de Pescadores Z 35. Na Colônia, verificou-se que houve redução de um terço no número de pescadores após o enchimento do lago. Metodologicamente, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa. Compreende revisão de literatura, levantamento documental de diagnósticos, planos e programas ambientais e entrevistas com pescadores afetados. Adota-se como estratégia a pesquisa narrativa. Constatamos que, ante a inviabilidade da atividade, os pescadores recorrem à previdência social e ao empreendedor a fim de obter os meios de vida na forma de seguro defeso, aposentadoria e indenização. Concluímos que operam, neste caso, a lógica do encolhimento dos benefícios sociais do Estado e a liberdade de atuação empresarial no contexto neoliberal. Evidenciamos a desproteção das vítimas do desenvolvimento, condenadas a conviver com as consequências nefastas do empreendimento desenvolvimentista. Planos e programas ambientais do empreendedor, que visam transformar o pescador em aquicultor, não foram implementados.