Territórios e territorialidades no extrativismo de caranguejos em Pontinha de Bacuriteua, Bragança, Pará

Abstract

Nos manguezais da costa paraense, o extrativismo de caranguejos tem grande relevância econômica e cultural. Embora sejam áreas de domínio público, na prática, as comunidades do entorno instituem formas de apropriação que controlam o acesso, em resposta à crescente procura de caranguejos nos mercados urbanos, na região e fora dela. O artigo analisa tais formas de apropriação e os conflitos decorrentes, enfocando a localidade Pontinha de Bacuriteua (município de Bragança). Baseia-se em pesquisa qualitativa com dez experientes profissionais. A partir de observações e entrevistas realizadas entre 2011 e 2012, identificou-se que há territórios temporários de trabalho, paralelamente à visão social do manguezal como local de livre acesso. Sugerem-se estudos e discussões públicas, com a participação ativa dos trabalhadores do ramo, sobre a relação entre territorialidades locais e o extrativismo sustentável dos caranguejos. Esse é um aspecto crucial, sobretudo porque a área situa-se em uma unidade de conservação, a Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu.

Mangroves, fishers, and the struggle for adaptive comanagement: applying the social-ecological systems framework to a marine extractive reserve (RESEX) in Brazil

“…Although there is no formal property rights system for fishing, informal fishing areas are recognized and implemented by local fishers. Rights to access fishing areas are often temporally delimited, relating more to when you fish than where (Oliveira and Maneschy 2014). Difficulties in communication and market access can be seen as a geographical consequence of how local communities have codeveloped informal fishing areas with local ecological knowledge of the mangrove and crab populations.…”

Monitoring mangrove crab Ucides cordatus Linnaeus, 1763 (Crustacea: Ucididae) landing in the Parnaíba River Delta: fishing characteristics, social and economic aspects

“…Other social problems as disagreements over territorial rights and fishing methods between different types of mangrove users; target conflicts between various uses of the mangrove ecosystem (such as logging versus crab collection and honey collection; rice cultivation in mangrove areas versus extractivism) and conflicts over market access (local crab collectors and fishers versus traders of fish and crabs) are described by local residents who use mangrove resources (Glaser and Oliveira, 2004). Although mangroves are public domain areas, the involved communities have to develop forms of appropriation that control access, in response to the growing markets for crabs, generating conflicts over the territories domination (Oliveira and Maneschy, 2014).…”

Sociologia e gestão ambiental: considerações a partir de uma Reserva Extrativista Marinha

“…Em paralelo à formação da "economia em rede", cujos fluxos relativizam as dimensões de tempo e lugar (Castells, 1999), tem-se a revalorização do local e, nele, o reconhecimento dos laços dos agentes e os modos como dividem o trabalho. É o que se constata em estudo em comunidades quilombolas na Amazônia, de Acevedo Marin e Castro (1997) e, também, estudos sobre desenvolvimento territorial como os de Abramovay (2003), Hébette et al (2002), Moreira (2008) e Ribeiro (2012). Atenta-se aos interesses plurais a guiar a relação com a produção, o mercado, a renda e, por extensão, com o lugar.…”