Por uma epistemologia emancipatória da promoção da saúde

Abstract

Este trabalho discute as possibilidades e os limites da ação local com base nas contribuições do cientista social português Boaventura de Sousa Santos como aporte para a promoção da saúde em comunidades locais vulneráveis. Em especial, discute-se no artigo o conceito de espaços estruturais para entendermos as formas próprias de poder, de direito e de conhecimento da sociedade moderna diante de um capitalismo crescentemente globalizado, com suas contradições e alternativas de ação emancipatória. Tais reflexões fornecem, em nossa opinião, novas bases teórico-metodológicas para reorientar as práticas locais de saúde, ambiente e desenvolvimento. Para concluir, são consideradas as reflexões de Boaventura de Sousa Santos sobre a dupla ruptura epistemológica; e as de Paulo Freire a respeito do inédito viável para a proposição de algumas diretrizes na produção de conhecimentos e o desafio de pensarmos o futuro desses territórios junto aos jovens em contextos comunitários vulneráveis, nos quais situações-limite de sobrevivência e violência fazem parte do cotidiano e imitam ações emancipatórias.

Saúde, ecologia de saberes e estudosde impactos ambientais de refinarias no Brasil

“…A complexidade envolvida nesses contextos e processos exige a integração de saberes e a utilização de múltiplos métodos de diversos campos das ciências humanas, da saúde coletiva, das ciências ambientais, das engenharias, considerando os contextos de vida das comunidades e a saúde coletiva 24 . Segundo Luz 30 , o olhar sobre a complexidade, buscado pela saúde coletiva, exige abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares.…”

“…A ecologia de saberes desponta como potente para produzir conhecimento a partir da problematização e da inclusão daqueles que vivenciam o mundo real em que, de fato, os fenômenos ocorrem. É uma concepção que propõe a integração de saberes técnicos, científicos e populares 21,22,24 .…”

“…No que se refere ao desenvolvimento da ecologia de saberes, Freitas e Porto 24 analisaram contribuições de Boaventura de Sousa Santos para a saúde coletiva. Ressaltam sua importância, sobretudo, para as práticas de construção compartilhada do conhecimento, entendida como algo a ser construído pelos sujeitos em seus locais, em suas experiências cotidiana, compreendidas em articulação com ações sociais e coletivas.…”

“…A perspectiva para a ecologia de saberes utiliza-se de informações sobre características das diferentes comunidades existentes e suas vulnerabilidades, suas histórias, a distribuição populacional,atividades econômicas desenvolvidas, e os projetos locais de desenvolvimento sustentável, as relações sociais e culturais e suas interfaces com o ecossistema [21][22][23][24] . Uma iniciativa que pode ser considerada uma ação baseada na ecologia de saberes tem sido a da RBJA que, em articulação com a Fundação Oswaldo Cruz, mantém o mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil, colocando, em evidência, os territórios onde existem conflitos e injustiças praticados por empreendimentos 33 .…”

Public health emergency: social representations among managers of a university hospital

“…The conversion of the idea of public health emergency into health protection, as a crystallized image that can be comprehended and transmitted by the subjects, has the prevention theme as its main anchoring. When making reference to health protection, which can be both individual and collective, it is worth distinguishing it from prevention, since the specificity of protection lies in the nature and magnitude of the defenses and not in the intensity of the risks, as is the case with prevention (17) . Prevention is one of the actions of health protection.…”