IntroduçãoO termo "miíase" é derivado do grego myio (mosca) e ase (doença) e é usado para definir a invasão dos tecidos vivos humanos e de outros mamíferos por ovos ou larvas de moscas da ordem díptera, sendo mais frequentemente observada em países tropicais 1 . As larvas de Cochliomyia hominivorax e Dermatobia são os agentes causais mais comuns das miíases humanas na América. A ocorrência de miíase bucal é rara e há poucos relatos de casos clínicos na literatura descrevendo essa condição 2,3 .As miíases são classificadas de acordo com os aspectos biológicos e evolutivos. Dividem-se em dois grandes grupos: biontófagas e necrobiontófogas. As biontófagas ou parasitárias, são caracterizadas como invasores primários, tem a capacidade de invadir tecidos sadios e feridas recentes. Já, as necrobiontógafas ou facultativas, nutrem-se de tecidos orgânicos em decomposição ou podem atingir eventualmente tecidos necrosados em um hospedeiro vivo 1,4 .As manifestações clínicas não são específicas e variam de acordo com a região acometida 5 . A ocorrência de miíase em cavidade bucal é rara e, nesses casos, a localização mais frequente é a região anterior de maxila. O aspecto pode variar de pequenas Objetivo: este trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de miíase, acometendo cavidade bucal de paciente portadora de síndrome de Wilson e discutir as principais medidas para a prevenção e o tratamento da miíase. Relato de caso: paciente do gênero feminino, 30 anos de idade, portadora da doença de Wilson, dependente para as atividades da vida diária, apresentando ausência de selamento labial e cuidado de higiene oral inadequado. O diagnóstico de miíase foi estabelecido clinicamente quando observou-se sangramento na boca, presença de larvas e ausência da mucosa do palato. Foi solicitada a internação no centro cirúrgico para debridamento do tecido e remoção das larvas. Durante procedimento ficou constatado presença de colônia de larvas também no interior da língua. Considerações finais: a ocorrência de miíase em cavidade bucal é rara. Alguns fatores são predisponentes, dentre esses: a senilidade, as doenças e debilidades neurológicas, a halitose. O principal tratamento constitui-se de remoção mecânica e prescrição medicamentosa antibacteriana e antiparasitária. A paciente do caso em análise foi tratada em centro cirúrgico, com remoção mecânica das larvas, e os responsáveis por ela foram orientados para uma higiene oral adequada para evitar a reinfestação.Palavras-chave: Miíase. Cavidade oral. Língua. Palato. Doença de Wilson.