RESUMO Lesões medulares, geralmente resultantes de acidentes automobilísticos, podem levar à paraplegia ou à tetraplegia, constituindo-se com um sério problema de saúde pública, com tratamentos prolongados e múltiplas incapacitações e complicações a médio e longo prazos. O objetivo desse artigo é relatar a experiência do cuidado familiar em uma situação de tetraplegia. Trata-se de um relato de experiência cujas fontes foram entrevistas com dois familiares cuidadores e as lembranças vividas por uma das autoras do trabalho. Os critérios de ética em pesquisa foram atendidos. A vivência desvelou profundas transformações e adaptações familiares no cuidado a um tio tetraplégico, com a necessidade de inovações tecnológicas e cuidados diversos, além de complicações decorrentes da imobilização e do não funcionamento de alguns órgãos. Conclui-se que a família, nestes casos, representa a extensão e a corporeidade de alguém incapaz de mover-se fisicamente, mas capaz de mover pessoas e espaços ao seu redor, e que a enfermagem pode e deve atuar com conhecimentos, habilidades e sentimentos ao assistir o usuário e sua família em situações como essas.