Por anos de nossas vidas Marcelo nos deu o prazer de sua convivência, a alegria da amizade fraterna e a honrosa parceria de trabalho. Agora, a muitas mãos, em homenagem à vida, celebramos uma trajetória compartilhada na construção de um trabalho coletivo pleno de generosidade. Para aqueles que o conheceram, relembramos; para os demais, diremos, em poucas páginas, o que foi a trajetória acadêmica e os compromissos intelectuais de um homem, um professor, na acepção mais honrada do oficio, comprometido com o fortalecimento da área de Estudos Organizacionais no Brasil, mas, espírito inquieto, sempre aberto a novas e divergentes perspectivas, com as quais dialogava vigorosa e frequentemente. Marcelo formou-se em Ciências Contábeis, na Fundação Universidade do Rio Grande, em sua cidade natal; foi monitor e, antes de terminar o curso, preparou seu ingresso no Curso de Mestrado em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina, logo no ano seguinte, em 1987. Optou pela área da Administração Pública, mas se interessou desde cedo pelos estudos organizacionais que orientaram o foco de seu tema de dissertação, no qual analisou o assentamento de Ronda Alta, tentando compreender sua configuração estrutural com base na tipologia de Rothschild-Witt, que contrapunha organizações burocráticas e coletivistas. Sua inquietude com o mundo em que vivemos já se deixava vislumbrar nesta escolha temática que apontava para o universo dos problemas organizacionais fora do universo empresarial. Ao concluir o Curso de Mestrado, Marcelo passou a integrar o Núcleo de Análise, Planejamento e Pesquisa em Organizações (NAPPO), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Administração (CPGA), na UFSC, grupo de pesquisa dirigido, à época, pelo professor Clóvis Machado-da-Silva, ao lado de futuros colegas como Eloise Dellagnelo e Valéria Fonseca. Ali, com bolsa de Desenvolvimento Cientifico Regional do CNPq, Marcelo iniciou sua trajetória como pesquisador e coorientador de trabalhos de dissertação e aulas na graduação. Foi, sempre, um grande companheiro de trabalho, atestam seus parceiros de primeira hora. Sério e dedicado em suas atividades, compartilhava materiais, ideias, dúvidas, reflexões sobre os temas em estudo e as experiências profissionais que vivenciava. Os problemas brasileiros, as lutas e dificuldades do país nortearam desde então suas escolhas em pesquisa. Ratifica-o o objeto de sua tese: as prisões no Brasil e na Escócia. Realizada no âmbito do doutorado que cursou inicialmente na Universidade de Saint Andrews, na Escócia, a convite de Stewart Clegg, e, com a mudança deste para a Austrália, finalizado na Universidade de Edimburgo, entre 1993 e 1996. Esta investigação marca a sua preocupação com o papel das organizações na construção de uma sociedade mais justa. Texto submetido em 10 de fevereiro de 2012 e aceito para publicação em 10 de março de 2012.