Este ensaio tem como objetivo refletir sobre os principais efeitos dos projetos de lei nº 867/2015 e 193/2016, do “Programa Escola sem Partido”, no trabalho cotidiano do professor e na formação do aluno, e realizar algumas análises que patenteiam o equívoco dessa proposição. Alguns motivos presentes no longa-metragem A Vila, de M. Night Shyamalan, em especial a manipulação e o controle de corpos e consciências pela instauração do medo, além do obscurantismo e o despreparo, são utilizados como elementos alegóricos para discutir os perigos de uma escola estranha às práticas da liberdade. Apresenta-se uma revisão da literatura sobre os ideais do programa, com a seguinte organização: os aspectos constitucionais dos projetos de lei, suas implicações para o sistema político e, por fim, os impactos ao desenvolvimento do trabalho docente e à formação discente. Procura-se, ainda, desvelar, analisar e desconstruir o entendimento sobre ideologia, aluno, docente e processo formativo presente no texto dos projetos. Conclui-se com a retomada do filme “A Vila” e a discussão dos seguintes aspectos relacionados à tentativa de implantação da “Escola Sem Partido”: a negação dos conflitos e dos desejos; a implantação do medo e a manutenção da ignorância como recursos educativos e de controle; o apagamento das diferenças e a manutenção do status quo; e o perigo de uma coletividade que tolhe a manifestação das individualidades.