Dimensões dos conteúdos mobilizados por estudantes de biologia na argumentação sobre antibióticos e saúde

Abstract

Resumo Na literatura, têm sido apontadas muitas vantagens do ensino baseado em questões sociocientíficas (QSC). Contudo, reconhecer e avaliar conteúdos mobilizados pelos estudantes é um desafio no contexto da educação Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente (CTSA), pois ainda há poucos estudos acerca dos modos de avaliação de aprendizagem condizentes com os objetivos da perspectiva de educação CTSA. Neste trabalho empírico e qualitativo, temos como objetivo analisar a presença de dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais dos conteúdos mobilizados por estudantes de um curso de Licenciatura em Biologia, a partir de uma atividade envolvendo a análise de um caso que expôs uma QSC acerca da resistência bacteriana a antibióticos. Os dados foram coletados a partir dos argumentos produzidos por equipes de estudantes, utilizando o modelo de argumentação de Toulmin. Os estudantes conseguiram mobilizar alguns dos conteúdos previstos no planejamento do ensino usando a QSC, sobretudo conhecimentos científicos. Aspectos sociais, éticos e políticos não foram suficientemente mobilizados, o que aponta para a necessidade de maior ênfase sobre eles na educação em ciências. Nesse sentido, sugerimos orientações para a pesquisa e a prática da educação em ciências a partir do conceito de letramento científico crítico, que considera a relevância da compreensão das relações entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente envolvidas na QSC, conduzindo ao alcance de ações sociopolíticas.

Práticas Epistêmicas E Abordagem QSC Com O Foco No Ensino Explícito De Ética E Moral

“…O egocentrismo remete ao comportamento e as formas de proceder de um indivíduo que pensa de forma individualista e egoísta, estando em primeiro plano em relação ao coletivo. Para a lógica antropocêntrica a consideração moral deve ser dada apenas aos seres humanos, a quem é atribuído um valor intrínseco (Conrado, Nunes-Neto, & El-Hani, 2020). Ratcliffe e Grace (2003, p. 31, tradução nossa) consideram que no antropocentrismo "a natureza é um recurso a ser conservado visando o interesse das pessoas", o que está em consonância com a ideia de que esta tendência prioriza o que é útil e capaz de promover o bem-estar do ser humano (Conrado et al, 2020).…”

“…Para a lógica antropocêntrica a consideração moral deve ser dada apenas aos seres humanos, a quem é atribuído um valor intrínseco (Conrado, Nunes-Neto, & El-Hani, 2020). Ratcliffe e Grace (2003, p. 31, tradução nossa) consideram que no antropocentrismo "a natureza é um recurso a ser conservado visando o interesse das pessoas", o que está em consonância com a ideia de que esta tendência prioriza o que é útil e capaz de promover o bem-estar do ser humano (Conrado et al, 2020). Podem existir dois tipos de antropocentrismo: antropocentrismo forte e antropocentrismo fraco.…”

“…A perspectiva ecocêntrica (figura 2b) amplia a consideração moral para as entidades ambientais coletivas (elementos bióticos e abióticos) (Conrado & Nunes-Neto, 2018;Nunes-Neto & Conrado, 2021). Assim, o ecossistema é visto como digno de valor, cabendo ao homem ter responsabilidade moral com as ações que podem atingir negativamente o ecossistema (Conrado et al, 2020). Isto também é assegurado por Ratcliffe & Grace (2003, p. 31, tradução nossa), que consideram que essa tendência "reflete a visão de que as pessoas fazem parte da natureza; que a natureza deveria ser conservada por si mesma, e que ela fornece uma metáfora da moralidade e um guia de como deveríamos viver".…”