Este trabalho tem como objetivo discutir o papel da imaginação científica na construção do conhecimento. O estudo teórico foi realizado em duas etapas. Primeiramente, discutimos a relação da racionalidade com a imaginação na epistemologia contemporânea. A discussão teóricaé complementada com uma análise histórica do pensamento de Albert Einstein, para tornar possível a apresentação de uma visão de construção do conhecimento científico que considere e valorize o papel da imaginação. Palavras-chave: imaginação científica, Albert Einstein, racionalidade, epistemologia.The goal of this work is to discuss the role of the scientific imagination in construction of knowledge. The theoretical study is composed of two parts. Firstly, we have discussed the relationship between rationality and imagination on contemporary epistemology. The theoretical study is completed with a historical analysis of Albert Einstein's thoughts to present one view of the scientific knowledge construction which considers and valorizes the role of the imagination. Keywords: scientific imagination, Albert Einstein, rationality, epistemology.
IntroduçãoDe uma maneira geral, a filosofia da ciência questiona a natureza das teorias e ideias científicas e, consequentemente, a validade destas proposições. Uma visão de ciência como uma forma de conhecimento geradora de verdades sobre o mundo fez com que diversos pensadores questionassem os diferentes métodos que a ciência utiliza para criar sua concepção do mundo natural. Durante um longo período, do século XVI até aproximadamente o final do século XIX, o objetivo de muitos filósofos era definir quais procedimentos eram mais adequados para a obtenção do conhecimento e quais eram as possibilidades de estabelecermos um corpo de saberes seguros. Dentro deste contexto, duas correntes filosóficas foram predominantes, o empirismo e o racionalismo. Não cabe neste artigo discutir as características destas correntes de pensamento, mas vale notar que em ambos os casos toda subjetividade que pudesse aparecer no processo de construção do conhecimento era rejeitada. Um detalhamento destes estudos pode ser encontrado em um trabalho anterior [1].A partir do início do século XX, a visão de que não poderíamos estabelecer um métodoúnico, definitivo e objetivo, de se gerar ideias sobre o mundo passou a ser mais aceita. Com o avanço de novas teorias, como a relatividade e a mecânica quântica, que deixavam claro o papel da imaginação e outros aspectos subjetivos durante a elaboração do conhecimento, tornou-se difícil sustentar a visão que negava o papel criativo da mente no fazer científico. Esse problema foi parcialmente resolvido pelo empirista-lógico Hans Reichenbach [2]. Ele procurou distinguir dois momentos da atividade do cientista. O primeiro, denominado contexto da descoberta, seria o momento da criação das ideias e proposições. O segundo, denominado contexto da justificação, seria o momento em que o cientista apresenta suas ideias de forma sistemática. Com isso, ele afirma que somente o segundo momento deveria ser ...