Aspectos da alimentação de Bryconamericus microcephalus(Characiformes, Tetragonopterinae) no córrego Andorinha, Ilha Grande – RJ

Abstract

ResumoEsse estudo foi realizado no Córrego Andorinha, localizado na vertente oceânica da Ilha Grande (23°05', 23°15'S e 44°06 e 44°23'W) e teve como objetivo determinar a dieta de B. microcephalus, bem como suas variações entre jovens e adultos. As coletas foram realizadas entre nov/99 e out/00 através de rede de espera e arrastinho (malhas 5mm e 10mm) em um trecho do riacho onde a vegetação marginal cobre 100% da localidade, o substrato é formado por areia, cascalho, rochas e folhiço. A cada ocasião de coleta 20 exemplares eram amostrados e o conteúdo estomacal analisado sob microscópio estereoscópico através do método da Freqüência Numérica. A dieta da espécie é baseada em larvas de insetos aquáticos (autóctones) e insetos terrestres (alóctones). A participação dos itens autóctones e alóctones variam sazonalmente (r Spearman =0,296; p=0,325) sendo que os ítens alóctones predominaram na estação seca. Considerando-se a importância relativa dos itens alóctones e autóctone na dieta de jovens e adultos, separadamente, observamos predomínio de itens alóctones entre os primeiros (teste t; t = 2,51; gl = 30; p = 0,018) e ausência de diferença entre os adultos (teste t; t = 0,79; gl = 84; p = 0.429). O valor médio do Quociente Intestinal (QI) foi 0,77, sem diferenças entre jovens e adultos (teste t; t = -0,62; gl = 85; p=0,45), e sugere dieta onívora fato não corroborado pela dieta registrada. Isso pode ser explicado pela pontualidade das amostras realizadas em uma localidade de baixa produção primária decorrente da baixa insolação (100% cobertura); no entanto, como migradores, esses exemplares certamente utilizam outros recursos (e.g. algas filamentosas e/ou vegetais superiores) em outras localidades onde a produção primária é incrementada pela insolação (áreas abertas), justificando a pré-adaptação anatômica da população (QI de onívoro). AstractThe present study was developed at córrego Andorinha in the oceanic slope of Ilha Grande (23°05', 23°15'S e 44°06 e 44°23'W) and aimed to determine B. microcephalus feeding habits as well as their differences between adult and juvenile specimens. Sampling were carried out between Nov/99 and Oct/00, by waiting nets (5-10 mm mesh) and sieves in a stream strech characterized by 100% of canopy and sand, gravel, rocks and debris substrata. At each sampling ocasion, 20 specimens were collected and their gut content analysed under stereoscopic microscopic following the Numerical Frequency method. Diet was based mainly on aquatic insect larvaes (autochthonous) and terrestrial insects (allochthonous). The participation of allochthonous and autochthonous itens varied seasonally (r spearman = 0.296; p=0.325), being allochthonous itens predominant during dry season. Considering the relative participation of allochthonous and autochthonous itens in the diet of juvenile and adult, separatelly, we found predominance of allochthonous itens among juveniles (t test; t=2.51, df=30; p=0.01) and absence of differences among adult specimens (t test; t=0.79, df=84; p=0.43). Mean value of Intestinal...

Hábitos alimentares de Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 (Characidae), em diferentes riachos da sub-bacia do Rio Guiraí, Mato Grosso do Sul, Brasil

“…As águas cheias, invadindo as margens, são enriquecidas com nutrientes devido à rápida decomposição de gramíneas e restos animais, ou à camada humífera da floresta, o que leva a um crescimento excessivo de microorganismos, seguido de grande explosão de macroinvertebrados (insetos, crustáceos, moluscos) usados como alimento pelos peixes (Lowe-McConnel 1999). Em riachos, tanto larvas de insetos quanto adultos são itens alimentares importantes para um grande número de espécies de peixes (Sabino & Castro 1990, Rezende & Mazzoni 2003, Casatti et al 2003.…”

“…O hábito de consumir insetos como principal recurso alimentar é amplamente estabelecido entre espécies de peixes de riachos (Casatti et al 2003, Casatti et al 2001, Rezende & Mazzoni 2003Russo et al 2004). Para Lowe-McConnel (1999) insetos requerem de seu predador menor especialização nos hábitos alimentares.…”

Daily feeding activity of Bryconamericus microcephalus (Characiformes, Characidae) from Córrego Andorinha, Ilha Grande - RJ

“…Bryconamericus species have been classified in different trophic categories and vary between omnivory, exploring particularly autochthonous and allochthonous insects as well as algae (Uieda et al, 1997;Casatti and Castro, 1998), and insectivory behaviour (Uieda et al, 1987;Rezende and Mazzoni, 2003;Russo et al, 2004). B. microcephalus from Córrego Andorinha (Ilha Grande) can be classified as insectivorous due to the existing registers, alternating the relative importance of the allochthonous and autochtonous items according to the study site and to the season of the year (Rezende and Mazzoni, 2006a and b).…”

“…Reproductive studies revealed that spawning occurs between July and February with a reproductive peak between September and December (Mazzoni and Silva, 2006). B. microcephalus it is an insectivorous species foraging both on autochthonous and allochthonous insects but the relative abundance of each resource is seasonally determined (Rezende and Mazzoni, 2003;Rezende and Mazzoni, 2006b). Considering only the allochthonous insects consumed by the species, an ontogenetic variation on prey preference were detected (Rezende and Mazzoni, 2006a).…”

Ictiofauna de duas microbacias - ribeirão dos Buenos e rio Guaratinguetá - na serra da Mantiqueira oriental

“…A partilha de recursos nestes ambientes é um importante fator ecológico para redução da competição entre as espécies, permitindo sua coexistência , assim como a estratégia alimentar utilizada pelas populações que por si só já é um fator que diferencia as espécies ecologicamente (COSTELLO, 1990;AMUNDSEN et al, 1996). Em riachos de cabeceira, a vegetação ripária desempenha importante papel sobre a ecologia alimentar de peixes, pois como a incidência de luz é menor, há uma redução na produtividade primária (VANNOTE et al, 1980;HENRY et al, 1994;REZENDE & MAZZONI, 2003). O conhecimento da dieta, estratégia alimentar e relações tróficas entre as espécies de peixe são fundamentais para a compreensão da estrutura e dinâmica dessas comunidades.…”