Perfil de utilização de serviços de saúde por crianças de zona urbana no Brasil: estudo transversal de base nacional

Abstract

Objetivos: descrever o perfil de utilização de serviços de saúde em crianças brasileiras menores de cinco anos. Métodos: estudo seccional de base populacional realizado em 2009, com crianças residentes em 100 municípios de cinco regiões brasileiras. Investigou-se o uso dos seguintes tipos de atendimento de saúde: domiciliar e médico ambulatorial - últimos três meses - e de urgência e internação hospitalar - últimos doze meses. As variáveis independentes foram: sexo, idade, classificação econômica familiar, escolaridade materna, família beneficiada pelo Programa Bolsa Família, ter apresentado problema agudo de saúde, estado nutricional, porte do município e região. Análises brutas e ajustadas para associação entre a utilização de serviços de saúde e classe econômica foram realizadas por meio de regressão de Poisson com ajuste robusto da variância. Resultados: das 6360 crianças, 3422 (54%) foram atendidas por médico, 506 (8%) receberam atendimento domiciliar, 2144 (34%) foram atendidas em serviços de urgência/emergência e 681 (11%) foram hospitalizadas. Crianças das classes A/B consultaram mais com o médico, tiveram menos atendimento domiciliar, usaram mais serviços de urgência do que crianças das classes C e D/E. Não houve diferença na hospitalização segundo classe econômica. Conclusões: os achados destacam importantes desigualdades no uso de serviços de saúde por crianças brasileiras.

Access to child care services in the Northeast and in the South Regions of Brazil

“…1 The medical literature already indicates evidences that individuals living in areas with a better socioeconomic development have better access and the use of the health services. 8,20,21 On the other hand, this tendency was not identified in the Northeast region. In this region, the municipalities presented variation in the risk and protection effect in the incomplete follow-up on child care.…”

“…1 However, such iniquities have also been described in many studies in different places in Brazil, mainly related to the use of health care consultations. [21][22][23] Although the South region presents a better socioeconomic conditions and a lower prevalence of lack of follow-ups on child care, this region pointed out the greatest differences among the economic classes and in the income quartile per capita observing by the higher risk expressed in classes D and E and the protective effect in families with higher quartile. These findings reinforce the expressive presence of inequalities among economic classes and indicate failures in the strategy of reducing these differences.…”

Causas de hospitalização de crianças: uma revisão integrativa da realidade brasileira

“…O tempo médio de hospitalização de uma semana foi encontrado na maioria do desfecho para alta hospitalar, com predominância de internações de menores de dois anos. Vale ressaltar a suscetibilidade de lactentes às doenças de modo geral e, quando doentes, são mais predispostas à hospitalização devido à preocupação de suas famílias e dos profi ssionais de saúde 1,5,6,18,19,22,23,27 .…”

“…Além disso, quando a mãe apresenta pouca escolaridade, a equipe de saúde deve prestar orientações claras e objetivas quanto aos cuidados a serem tomados em relação à criança enferma 5,8 . Em relação às variáveis maternas destaca-se que as mães apresentam entre cinco e oito anos de estudo; idade entre 20 e 29 anos; não são fumantes; desempenham atividade no próprio lar e são casadas ou em união estável 5,6,18 .…”

“…Crianças de baixa renda podem necessitar mais de procurar serviços de urgência por terem barreiras no acesso à atenção básica; no entanto, crianças de melhor condição socioeconômica teriam acesso mais oportunizado a serviços privados e por convênio para o atendimento precoce de seus problemas. Assim, estudos demonstram que nas famílias das crianças internadas predomina renda familiar entre um e dois salários mínimos ou classificação econômica C 5,6,20 . O acesso ao serviço de saúde de qualidade contribui para a melhoria da prática assistencial, para tomada de decisão setorial e são instrumentos essenciais para a implementação de ações de melhoria na qualidade de vida e a redução da morbimortalidade das crianças.…”