Editorial

Abstract

Neste número 19 de Per Musi, prestamos nossa homenagem à Professora Dra. Sandra Loureiro de Freitas Reis, parecerista e membro do nosso corpo editorial, cuja generosidade e exemplar dedicação à música no Brasil ficará para sempre na memória daqueles que a conheceram ensinando, pesquisando e liderando iniciativas, como a preservação do valioso acervo Curt Lange, hoje depositado na UFMG. Apresentamos neste número, o primeiro de dois artigos de Suzanne Cusick resultantes de sua participação na I Semana de Música Antiga da UFMG, realizada entre 19 a 25 novembro de 2007. A partir de um ponto de vista "estrangeiro", no qual se autodenomina "um ser etnicamente híbrido norte-americano", a instigante musicóloga tece brilhante reflexão sobre valores estéticos, sociais, políticos e econômicos acerca do Barroco nos contextos de ontem e de hoje. Thaís Branquinho Oliveira Fragelli e Isolda de Araújo Günther, em um estudo exploratório, discutem a dicotomia entre o bem-estar que a música proporciona à platéia e o sofrimento em que pode se traduzir para a maioria dos instrumentistas, abordando questões do adoecimento físico ocupacional: postura, fadiga e imobilidade na relação com os instrumentos musicais. Felipe Merker Castellani analisa três dos sete movimentos de Kurze Schatten II, obra para violão solo do compositor inglês Brian Ferneyhough, abordando conceitos importantes na sua obra como acumulação, superposição, filtragem, "restrições", "erros" e música figural. Bruna Vieira, Cristina Capparelli Gerling e Fredi Gerling mergulham na intimidade do processo composicional de Edino Krieger, ao comparar a transcrição e adaptações idiomáticas da Sonata n.1 para Piano para sua versão chamada, pelo próprio compostor, de Divertimento para Cordas. Ricardo Marçal de Souza e Silva, a partir do conceito de Ekphrasis e tendo a Sonata para violão de Leo Brouwer e os Quadrados Mágicos de Paul Klee como pano de fundo, investiga as fascinantes relações sinestésicas entre música e pintura. Patricia Costa discute conceitos, características, vantagens e facilitadores da expressão cênica na performance dos coros juvenis, destacando as experiências brasileiras. Regina Antunes Teixeira dos Santos e Liane Hentschke discutem a literatura sobre a tendência pragmática da prática instrumental nos últimos 20 anos, sua natureza, finalidades de seus procedimentos e suas estratégias, tendo em vista seus aspectos quantitativos e qualitativos. Rogério Luiz Moraes Costa aborda o papel do intérprete na livre improvisação a partir da idéia de jogo, ilustrando com obras de John Cage interpretadas pelo Grupo Akronon. Recorrendo à fenomenologia, à estética comparada e à visão histórica, Alexandre Siqueira de Freitas reflete sobre a interação sinestésica entre som e imagem, e propõe um diálogo entre as artes, recorrendo às referências de Klee, Delaunay, Gould, Messiaen, Nattiez e aos conceitos de Etienne Souriau. Finalmente, lembramos que todos os conteúdos e capas de Per Musi, desde janeiro de 2000 até o presente, estão disponíveis para download ou impressão gratu...