Agentes globais e esfera local: o pólo automobilístico de Gravataí

Abstract

O artigo tenta discutir aspectos das relações global-local, focalizando o processo de formação e desenvolvimento do pólo automobilístico de Gravataí e suas implicações sociais no âmbito das relações de trabalho e emprego em empresas locais. Ao reconhecer a recente formação do sistema global, supõe-se que a presença de agentes globais em contextos locais tenderia a criar novas dinâmicas sociais que dependeriam de articulações específicas entre conjunturas econômico-institucionais, níveis e tipos de recursos econômicos e sociais disponíveis, e estratégias mobilizadas pelos agentes sociais. Os agentes globais imporiam novas referências competitivas e tecnológicas aos agentes locais, que se achariam, com frequência, despreparados para acompanhar tais exigências. Por outro lado, poderiam ser criadas, com diferentes configurações, chances de acesso a capitais, mercados, tecnologias e conhecimentos, estimulando mudanças nas relações de trabalho e emprego na esfera local. A assimetria nas relações de poder econômico não impediria a reação dos agentes locais, nas possibilidades de seus recursos e nos horizontes de seus valores, às novas regras e condições do sistema internacional. A relação global-local teria, portanto, implicações distintas entre os agentes sociais.

FORJANDO A POLÍTICA AUTOMOTIVA BRASILEIRA: INCUMBENTES E DESAFIANTES NA CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA INOVAR-AUTO<br/><br/>FORGING BRAZILIAN AUTOMOTIVE POLICY: INCUMBENTS AND CHALLENGERS IN THE CONSTRUCTION OF THE INOVAR-AUTO PROGRAM

“…Contudo, se a Globalização ajuda a explicar o processo de reestruturação promovido pelas first comers no Brasil, é insuficiente para relacionar concretamente o estabelecimento das políticas industriais pós-1990 e as interações entre o Estado brasileiro e essas empresas. As interpretações acerca dessas inúmeras políticas industriais desenvolvidas no país desde o governo de Getúlio Vargas (GARCIA, 2009), apenas tendem a confirmar que elas nada mais fizeram além de beneficiar as empresas aqui instaladas com "uma forte tutela estatal, de proteção, crédito fácil e reserva de mercado" (ARBIX, 1996, p. 50).…”

<b>Condicionantes da produção flexível em montadoras no sul fluminense

“…Esse argumento do capital migrante das montadoras acaba secundarizando efeitos negativos de hibridismos aplicados ao trabalho industrial reestruturado (Araújo, 2012;Soares, 2013). A racionalidade pós-fordista tem repercutido produção de subjetividades no trabalhador rotativo (Cimbalista, 2007), problemas de natureza globallocal na rotina de trabalho (Franco, 2009;Garcia, 2010) e de desagregação política do operariado (Bridi, 2007).…”

“…Com base em relatórios da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), dados conjunturais ajudam a desvelar pressões sobre trabalhadores sujeitos a contratos de prazos curtos e a incertezas em novas regiões produtivas (Lima, 2006;Neves, 2011). Esse argumento tem consonância com pesquisas em greenfields automotivos nas últimas décadas (Cimbalista, 2007;Franco, 2009;Garcia, 2010) e situa a produção flexível no sul fluminense em discussões noutros contextos.…”

Bidimensionalidade mundana no lado Coca-Cola da vida: um estudo arqueológico fotoetnográfico

“…Neste sentido, a atuação de agentes globais nas culturas locais promovem novas dinâmicas sociais que precisam ser exploradas. (GARCIA, 2010). Desse modo, a contribuição deste estudo volta-se para a busca de um pensamento crítico (consciente e reflexivo) sobre as novas realidades e estruturas de relacionamentos.…”