Caracterização da fala de indivíduos submetidos à palatoplastia primária

Abstract

OBJETIVOS: Descrever as características de fala de indivíduos submetidos à palatoplastia primária; relacioná-las com tipo de fissura, técnica cirúrgica e idade na ocasião da cirurgia; e descrever as condutas fonoaudiológicas após a cirurgia. MÉTODOS: Estudo retrospectivo de 167 casos, de ambos os gêneros, com fissura labiopalatina, submetidos à palatoplastia primária. Foram coletadas informações relativas ao tipo de fissura, idade na palatoplastia, técnica cirúrgica, e as análises subjetivas sobre as características da fala, realizadas por fonoaudiólogas. RESULTADOS: Na avaliação perceptiva da fala após a cirurgia, encontrou-se inteligibilidade de fala alterada (46%), ressonância hipernasal (33%), articulações compensatórias (26%), emissão de ar nasal (14%), mímica facial (11%) e fraca pressão aérea intra-oral (8%). Na associação entre a ressonância e as articulações compensatórias com tipo de fissura, técnica cirúrgica e faixa etária, não houve diferença significativa. A conduta mais frequentemente tomada foi a de terapia fonoaudiológica (38%), para correção das articulações compensatórias e/ou outras alterações. CONCLUSÃO: A maioria dos indivíduos apresentou ressonância equilibrada ou hipernasalidade aceitável e ausência de articulações compensatória, independente do tipo de fissura, da técnica cirúrgica e da faixa etária, embora não tenha ocorrido diferença significativa. Dentre as condutas adotadas após a primeira avaliação pós-palatoplastia primária, a terapia fonoaudiológica foi a mais frequente.

Perfil da fala de pacientes submetidos à palatoplastia primária

“…Clear difference between the groups was observed regarding the presence of CADs, with a trend for difference in hypernasality as well, as already mentioned in the literature (6,7,9,21) . These differences may be related to the difficulty in velopharyngeal closure, which often occurs in late palatoplasty (5,6,11) .…”

“…Palandi and Guedes (2011) (6) concluded that individuals who underwent late intervention showed statistically significant difference regarding the presence of some phonological processes, and considered that the age at which palatoplasty is performed is an intervening factor for the speech of individuals with cleft palate. The results reported by Mituuti et al (2010) (21) indicate that few individuals present speech changes after cleft repair (ranging from a minimum of 8%, with poor intraoral air pressure, to a maximum of 26%, with CADs).…”

“…Therefore, on a six-point scale in the assessment of hypernasality, a score of one indicates absence of hypernasality and a score of six shows its most severe degree (20) . Two domestic studies (6,21) verified a relation between speech alterations and time of palatoplasty, both considering the best time for surgery until 18 months of age. Palandi and Guedes (2011) (6) concluded that individuals who underwent late intervention showed statistically significant difference regarding the presence of some phonological processes, and considered that the age at which palatoplasty is performed is an intervening factor for the speech of individuals with cleft palate.…”

Influência das consoantes de alta e baixa pressão intraoral sobre a nasalidade e nasalância da fala

“…A correção cirúrgica primária tem a finalidade de recuperar a anatomia e a funcionalidade dos músculos envolvidos para possibilitar a adequação do mecanismo velofaríngeo. Entretanto, em alguns casos, a disfunção velofaríngea pode persistir mesmo após a palatoplastia primária (BICKNELL;McFADDEN;CURRAN, 2002;MINK van der MOLEN et al, 2009;YAMASHITA et al, 2011), resultando em alterações de fala características como a hipernasalidade, a emissão nasal de ar e as articulações compensatórias (PEGORARO-KROOK; JONES, 2005;PERSSON;ELANDER, 2006;SMITH;KUEHN, 2007;MITUUTI et al, 2010;TRINDADE, 2010 A realização de um diagnóstico preciso das alterações da comunicação oral na presença da fissura de palato auxilia o processo de reabilitação, direcionando a conduta de tratamento para a disfunção velofaríngea (AMARAL; GENARO, 1996;SUGUIMOTO, 2007). Com este propósito, a verificação da influência de estímulos de fala de alta e baixa pressão intraoral sobre a nasalidade e a nasalância de indivíduos com fissura palatina previamente reparada foi o objeto de estudo do presente trabalho.…”

Fala em indivíduos com fissura labiopalatina após a palatoplastia primária pelas técnicas de Furlow e von Langenbeck

“…Witt et al (1998) afirmam que a experiência do cirurgião pode influenciar os resultados da palatoplastia em indivíduos com fissura labiopalatina, contudo, salientam que os tamanhos das casuísticas têm sido inadequados para se examinar o efeito de fatores controversos como técnica cirúrgica. Klintö et al (2014) também salientam a importância do tamanho da casuística para a avaliação do sucesso da palatoplastia primária e que a habilidade do cirurgião é determinante para o sucesso ou insucesso da palatoplastia (BROTHERS et al, 1995;WITT et al, 1998;MITUUTI et al, 2010;WILLIAMS et al, 2011;MURTHY, 2014). Interessante notar que Kirschner et al (1999) Outro fator que pode influenciar os resultados de fala é a idade do paciente na palatoplastia primária.…”