A biologia em obras infantis de Monteiro Lobato: modulações literárias, científicas e culturais

Abstract

A tessitura deste trabalho abarca os traços da Biologia presentes em duas obras infanto-juvenis de Monteiro Lobato. Os entendimentos acerca dos traços biológicos como evolução, seleção natural, tamanho, classificação e organização natural se hibridizam, mesclam-se a outros discursos e significados e apontam relações e significações que se dão entre os espaços - diferenças - dos múltiplos conhecimentos. Ao reconhecer que a Biologia participa dessa Literatura, construiu-se um olhar para seus significados que são (re)criados em relação às diferenças, não funcionando como decalque, cópia de um campo cultural único ou suposto como original. Ao migrar para o texto, os significados culturais desses traços biológicos expandem o campo da escritura por uma interrupção e um espaçamento. Investigaram-se as relações de diferenças que se estabelecem entre Literatura e Biologia, e a intensidade das narrativas que trazem traços de crenças, valores, interesses políticos no discurso científico, e que são arrastados para a Literatura, num trajeto híbrido e nômade.

O Uso Do Texto Narrativo Para O Ensino Das Causas De Extinção Das Plantas

“…Por exemplo, seguindo o exemplo de X Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 10, n. 6, 2014, pp. 129-138 Carvalho (2008), poderíamos utilizar os livros de Monteiro Lobato (ou outro autor, após análise prévia do professor) para iniciar uma discussão sobre a Biologia em um contexto literário, seguido pela construção de um Texto Narrativo pelos alunos. Reis Neto et al (2011, p.4) também apontam que "a prática da leitura e escrita oferece ao sujeito uma autonomia maior para o pensamento e oferece um aparato eficiente para a comunicação"…”

obra “Quarto de despejo – diário de uma favelada” como recurso para o ensino de Biologia

“…Pensando a perspectiva didático-metodológica proposta pela Pedagogia Histórico-Crítica, a obra "Quarto de despejo: diário de uma favelada", de Carolina Maria de Jesus, publicada em 1960, pode ser utilizada como um recurso para contextualizar e dar significado aos objetos de conhecimentos e aos conteúdos científicos nas aulas de Biologia. Assim, corroborando com as perspectivas de Carvalho (2008), a utilização da literatura brasileira como recurso a possibilitar a reflexão e a discussão para o diálogo intercultural, a problematização e a contextualização dos conteúdos para o ensino e aprendizagem é importante para a adoção de encaminhamentos e procedimentos metodológicos pedagógicos apropriados às necessidades educacionais.…”

“…Assim, entendemos que uma prática docente nas aulas de Biologia, as atividades estruturadas precisam assumir uma perspectiva educativa de integrações da Ciência e outros saberes escolares. Para Carvalho (2008), ao apoderar-se de várias esferas da Biologia para compor uma obra, autoras e autores utilizam, consumem ou se apropriam de aspectos culturais, dando-lhes forma, valor e significância. Esses regulam e organizam as práticas sociais e escolares, participando do estabelecimento de normas, regras, entendimentos de mundo e da vida social (WORTMANN, 2001).…”

“…Esses regulam e organizam as práticas sociais e escolares, participando do estabelecimento de normas, regras, entendimentos de mundo e da vida social (WORTMANN, 2001). Em algumas situações, e corroborando com ideias de Carvalho (2008), a Biologia participa, nos interstícios de um texto, como um pano de fundo para se compor ordens sociais, políticas e ideológicas presentes nas obras e, algumas vezes, relacionadas às Ciências.…”

O passeio de Rosinha: articulando saberes sociais e biológicos na infância por meio da literatura

“…A professora e escritora Luana Linsingen realizou seu mestrado com um estudo específico sobre o uso do livro infantil no ensino de ciências, que, segundo ela, "fornece possibilidades de desvios daquilo que é oferecido pelo próprio texto, qual seja, o oferecimento da chance de se ler sobre a leitura" (LINSINGEN, 2008, p. 1, grifo do autor). A professora Fabiana Carvalho (2008), por sua vez, identifica a biologia em obras de Monteiro Lobato que, no entanto, não se enquadram exatamente no tipo de produção que estudamos neste texto. Giraldelli e Almeida (2008) realizaram um estudo sobre a leitura em aula de um livro infantil com estudantes de 9 a 10 anos de idade, o que permitiu [...] uma construção de conceitos para as crianças, sem priorizar conteúdos específi-cos, mas considerando as relações ambientais como um todo (2008, p. 18).…”