Valor nutritivo do feno de braquiária amonizado com uréia ou inoculado com Pleurotus ostreatus

Abstract

Verificou-se, mediante análises de composição química e ensaio de digestibilidade com ovinos, o efeito dos tratamentos químico (amonização com uréia) e biológico (inoculação com o fungo Pleurotus ostreatus) sobre o valor nutritivo do feno de Brachiaria decumbens. Ambos os tratamentos duraram 42 dias; após esse período, o feno foi seco e moído para fornecimento aos animais. As dietas experimentais foram: feno não tratado (FNT); feno não tratado + uréia (FNT + U); feno inoculado com fungo + uréia (FTB + U); e feno amonizado + feno não tratado (FTQ + FNT). As dietas FNT + U, FTB + U e FTQ + FNT foram isonitrogenadas. Tanto o tratamento químico como o biológico causaram mudanças na composição química do feno. A amonização elevou os teores de proteína bruta (PB) e fibra em detergente ácido (FDA) e reduziu os teores de hemicelulose (HEM) e a proporção de hemicelulose na parede celular (HEM-FDN). Já o tratamento biológico tendeu a aumentar o teor de PB; elevou os teores de FDA, lignina (LIG), a proporção de celulose na parede celular (CEL-FDN) e a proporção de lignina na parede celular (LIG-FDN); e reduziu os teores de fibra em detergente neutro (FDN), HEM e HEM-FDN. Entretanto, diminuiu a digestibilidade da matéria seca (MS), FDN, celulose (CEL) e FDA, mas aumentou o consumo, provavelmente em decorrência do menor teor de FDN e menor tamanho médio de partículas, o que causou maior velocidade de passagem. Os tratamentos biológico e químico são alternativas importantes no incremento do valor nutritivo de materiais lignocelulósicos, todavia, os resultados obtidos neste ensaio não foram satisfatórios.

Nutritional value of hay from maize-crop stubble ammoniated with urea

“…Ammoniation of the DM with 3% urea resulted in 38.4 ± 27.7% NDF degradation, which corresponds to an increase (P<0.0001) of 14.4% compared to the non-ammoniated hay, and agrees with that obtained by Paiva et al (1995b). These results indicate an effect of ammoniation on the cell wall, and a better utilisation of the fibrous carbohydrates, which may favour a tendency to increase DM intake (SCHMIDT et al, 2003) and availability of energy for the ruminants. Associated with these effects, the 10.2 ± 1.0 dA 17.1 ± 1.6 cA 51.5 ± 4.9 bA 74.9 ± 7.2 aA addition of NPN, readily available to microorganisms in the rumen, provides better conditions for the development of those rumen bacteria that potentially promote increased degradation of the fiber in the treated fodder (ROTH et al, 2010).…”

“…With the DM ammoniated with 3% urea, the NDF content of the hay was lower when fertilising with 40 or 120 kg N ha , which may be related to the increase in leaf-area index due to the increase of N in the fertiliser, with the leaves having a lower ADF content in relation to the stem. Ammoniation with 3% urea reduced (P<0.0002) the ADF content compared to the untreated hay, irrespective of the level of N in the fertiliser, an effect caused by the breakdown of ester bonds between molecules of structural carbohydrates, also seen by Schmidt et al (2003) and Gobbi et al (2005) in hay from signal grass (Brachiaria decumbens) and Zanine et al (2006) , when the HCEL content of the ammoniated hay exceeded that obtained for the non-ammoniated, due to the proportionally lower ADF content (Table 3) in relation to the NDF (Table 2). Gomes et al (2009) observed an increase in the NDF content of carnauba straw (Copernicia prunifera) with the DM ammoniated with up to 10% urea, and Schmidt et al (2003) obtained an increase in HCEL content for hay from signal grass ammoniated with 5% urea, compared to the untreated hay.…”

“…Ammonia acts mainly on the cell wall, resulting in reduction of neutral detergent fiber content (GOBBI et al, 2005) by partial solubilisation of the hemicellulose (SCHMIDT et al, 2003) and by increasing the availability of soluble carbohydrates. In addition to these aspects, the use of urea for treating fodder is easy to use, of low cost and enriches the fodder with non-protein nitrogen, the result of nitrogen retention, according to Schmidt et al (2003).…”

Digestibilidade aparente dos nutrientes da dieta contendo feno degrama-estrela (<em>Cynodon nlemfuensis</em> Vanderyst) tratado com uréia

“…Outro fator é que as diferentes dietas experimentais (Tabela 1) apresentaram valor acima do nível mínimo de 7,0% de PB, que é exigido para o normal funcionamento ruminal (Silva e Leão, 1979). Em trabalho realizado com feno de Brachiaria decumbens, Schmidt et al (2003) não observaram efeito na ingestão de MS para os fenos amonizados com valores médios de ingestão de 1,87% do PV, porém os animais Acta Sci. Anim.…”

“…A fenação de gramíneas, em estádio avançado de maturidade, resulta em forragem de baixo valor alimentício. Apesar de boa produção de matéria seca (MS), nesse período, as plantas apresentam alto teor de fibra e baixo teor de proteína bruta (PB), resultando em um material de baixa digestibilidade da matéria seca (Schmidt et al, 2003).…”