As manifestações do ato e sua singularidade em suas relações com o feminino

Abstract

Pretende-se discutir as possíveis relações entre o ato e o feminino, já que ambos apontam para a manifestação no real daquilo que escapa ao simbólico. Abordam-se as diversas modalidades do ato: passagem ao ato e acting out, saídas encontradas pelos sujeitos diante do mal-estar vivenciado por cada um, assim como a definição lacaniana do ato como uma transgressão de um limite simbólico, para se colocar a questão das relações entre ato e feminino.

Do liame entre Imaginário e Violência: Desenlaces no Corpo

“…No contexto atual da clínica psicanalítica, a gradativa incidência e elevada exacerbação das patologias do ato, circunscritas por manifestações sintomáticas tipificadas pela reiterada presença de descargas violentas e atuações, constitui-se como quadro de notável expressividade (Kehl, 2018;Marcos & Derzi, 2013). Haja vista os insólitos contornos derivados da dissolução dos valores tradicionais modernos e as particularidades das novas configurações subjetivas engendradas na Contemporaneidade, este artigo propõe a reassunção do percurso psicanalítico lacaniano no que se refere à formulação do registro imaginário em seu liame com a violência e seus desdobramentos no corpo.…”

Suicídio, adolescência e contemporaneidade: um olhar psicanalítico

“…Percebe-se assim como a ação específica articula-se ao desamparo fundamental do bebê e ao surgimento do princípio de realidade (Marcos & Derzi, 2013).…”

“…Ocorre o desaparecimento do cenário e do espectador, indicando algo que ultrapassa o sujeito. Há um deixar-se cair, uma saída da cena, que constitui a própria estrutura da passagem ao ato (Marcos & Derzi, 2013;Calazans & Bastos, 2010).…”

“…Ou seja, o sujeito exterioriza pelo ato aquilo que não foi capaz de demonstrar através da articulação simbólica. (Marcos & Derzi, 2013) Durante sessões mais recentes, Sara começa a construir alguma possibilidade de costura entre seus relatos e, em alguma de suas falas, parece explicitar uma ambição de conseguir se valer das palavras de forma mais rica. Discorre sobre a admiração pela capacidade do irmão de se expressar, quando confronta a mãe e também quando precisa falar da dor de perder a avó, "fiquei impressionada, ele usou umas palavras diferentes, eu nunca daria conta"; assim como aposta na efetividade delas, "com diálogo se resolve tudo".…”

“…Assim, o ato fica, nesse texto, contrastando com a lógica do inconsciente, dado que o inconsciente se repete de um modo e o ato, de outro. Ou seja, tem-se duas perspectivas, o ato como interpretável e o ato como o que se opõe ao inconsciente(Marcos & Derzi, 2013).…”