A experiência surrealista da linguagem: Breton e a psicanálise

Abstract

Este artigo apresenta alguns aspectos da experiência surrealista da linguagem nos anos 1920, mostrando que o automatismo surrealista se inspira no funcionamento do inconsciente proposto por Freud. Considerando a linguagem como fundamento da realidade humana, Breton antecipa as formulações de Lacan sobre o eu e a realidade. No entanto, a primeira concepção lacaniana da linguagem, circunscrita exclusivamente ao simbólico, separa Lacan do surrealismo. Apenas nos anos 1970, a teoria da linguagem em Lacan permitirá pensar a prática surrealista da linguagem.<br>The surrealist experience of language: Breton and the psychoanalysis. This article presents some aspects of the surrealist experience of language in the twenties, showing that the surrealist automatism is inspired by the functioning of the unconscious as described by Freud. Considering language as the foundation of human reality, Breton anticipates Lacan's formulation of the self and reality. Nevertheless, the first Lacanian conception of language, exclusively circumscribed to the symbolic register, separates Lacan from surrealism. Only in the seventies, will Lacan's theory of language allow the interpretation of the surrealist practice of language

Fotografia e Cidade: um estudo sobre os processos perceptivos constituídos na ação estética presente no fotolivro Paranoia

“…(CORNEAU, apud. GUINSBURG;LEIRNER, 2008, p.800) Segundo Santos (2002), essa busca parte da experiência de Breton com o hospital psiquiátrico durante e após a guerra , quando se interna voluntariamente como médico 33 ; mas uma diferença estrutural do entendimento da atividade paranoica por Breton, do entendimento da psiquiatria contemporânea à sua experiência, é a consideração da paranoia e das atividades automáticas de associação como elemento de grande importância para a criação e para a transformação do pensar.…”

“…Destacam-se aqui 33. Segundo Santos (2002), enquanto estudante de medicina, Breton opta por prestar o serviço militar durante a guerra no hospital psiquiátrico, onde tem contato com os pacientes paranoicos e com a psicanálise de Freud. Após essa experiencia, Breton se interna enquanto médico em um hospital psiquiátrico, onde irá observar atentamente os discursos dos loucos e da psiquiatria.…”

“…(WILLER, 2016, p.76) Na produção poética surrealista, busca-se a participação desse inconsciente através de diversas experiências produzidas pelo grupo. Segundo Santos (2002), a privação de sono e o estado em que o poeta se encontra "semiacordado" é uma das alternativas para a obtenção do livre pensamento, e portanto, da livre escrita; ou-tras experiências com hipnotismo também foram citadas pela autora como alternativas testadas pelos poetas surrealistas de libertação do consciente e provocação de um estado alucinatório.…”

“…Segundo o autor, a associação livre, deslocamentos e intertexto só são possíveis pela via do inconsciente, concordando com o indicado por Santos (2002), segundo a psicanálise. O intertexto é o deslocamento de informações lidas passadas pela via do inconsciente, que intervém na criação artística e retém o conteúdo latente conhecido, trazendo à tona no momento da escrita.…”