A discussão em nível mundial sobre os Cuidados Paliativos (CP) tem sido balizada pelo fenômeno do envelhecimento populacional e as consequentes mudanças nos quadros epidemiológicos observadas nas últimas dé-cadas. O envelhecimento populacional está transformando rapidamente a epidemiologia das doenças crônicas. Tal transformação afeta também as práticas de saúde dos diversos seguimentos profissionais, pondo em evidên-cia a necessidade de adaptação de novas tecnologias em saúde para atender às demandas desse novo perfil epidemiológico. Os Cuidados Paliativos não são práticas exclusivas dos quadros de doenças crônicas, degenerativas e do envelhecimento. Entretanto, é neste contexto que tais cuidados encontram maior aplicabilidade.Essa conjuntura leva ao questionamento da contribuição do profissional de Psicologia, em exercício dos cuidados paliativos junto às equipes multiprofissionais. E serviu de cimento para a construção dessa investigação que teve como objetivo principal conhecer os discursos sobre os CP circulantes entre profissionais de saúde e cuidadores NÃO profissionais. Especificamente, se quis identificar os desafios enfrentados pelos diversos profissionais da saúde, no processo de cuidar de enfermos terminais; conhecer as dificuldades enfrentadas por esses profissionais no ambiente hospitalar; saber como se dá a relação entre profissional e paciente clinicamente complicado no contexto hospitalar; conhecer a visão da equipe multiprofissional sobre o papel do psicólogo no exercício dos CP.
Cuidados Paliativos: histórico e definiçõesO início da filosofia dos CP está entrelaçado ao surgimento dos hospices (hospedaria ). Os hospices se originaram na Idade Média e seu surgimento foi influenciado pelas peregrinações dos cristãos aos lugares santos, em razão das longas distâncias percorridas por meses e até anos. No decorrer da caminhada muitos adoeciam e eram recolhidos para os hospices que funcionavam como uma espécie de asilo, abrigo ou refúgio, fundados e dirigidos por religiosos.