RESUMOA assistência domiciliar (AD) é uma modalidade terapêutica em expansão no Brasil. Este estudo teve como objetivo descrever o trabalho do enfermeiro na AD a partir da visão dos familiares cuidadores. É uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, desenvolvida em um serviço de internação domiciliar de um hospital universitário do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados entre novembro de dezembro de 2007 por meio de entrevistas com familiares cuidadores e submetidos à análise temática. Os resultados evidenciaram uma maior interação dos enfermeiros com o paciente e sua família na AD em relação ao contexto hospitalar, pois esses profissionais procuram orientar o cuidado de forma acessível para que os familiares se sintam seguros ao realizá-lo, bem como organizar o domicílio de forma a influenciar de maneira satisfatória na recuperação do paciente. A pesquisa pode fomentar a discussão em torno de possibilidades para melhores práticas de enfermagem na AD.Palavras-chave: Papel do profissional de enfermagem. Assistência domiciliar. Cuidadores.
INTRODUÇÃOA assistência domiciliar (AD) é uma modalidade alternativa à hospitalização que está em franca expansão no Brasil, em virtude das mudanças sociais e econômicas pelas quais o país vem passando, especialmente a partir de 1950, as quais geraram uma série de modificações no perfil epidemiológico da sua população. Entre essas mudanças destacam-se o envelhecimento populacional, o aumento da morbimortalidade por doenças crônicas não transmissíveis e ou por causas externas, fatores que fazer aumentar o número de brasileiros que dependem de terapêutica tecnológica sofisticada e complexa para sobreviver e/ou usufruir de uma maior qualidade de vida (1) . Além disso, a demanda por assistência de maior complexidade eleva os custos nos serviços de saúde, especialmente na área hospitalar, o que preocupa tanto as instituições públicas quanto as privadas que financiam ou prestam tais serviços (2) . A AD configura-se como um conjunto de procedimentos que são prestados a indivíduos clinicamente estáveis e exigem intensidade de cuidados acima das modalidades ambulatoriais, mas podem ser-lhes oferecidos em casa por uma equipe exclusiva para esse fim (1) . Cabe ressaltar que as atividades da AD não se caracterizam apenas pela realização de procedimentos técnicos, mas também pela execução de um importante trabalho de educação com familiares e/ou cuidadores, tornando-os aptos para continuar o cuidado de forma autônoma, mediante supervisão e acompanhamento da equipe (3,4) . Neste sentido, a AD desponta como uma estratégia de desospitalização e humanização do cuidado, pois acena para a importância da família na assistência no domicílio e a preservação dos valores socioculturais dos usuários, a partir da contextualização deles em